Crédito: Japan Times – 11/04/2023 – Terça
A invasão da Ucrânia pela Rússia tornou-se um “símbolo” do fim da era pós-Guerra Fria, forçando a comunidade internacional a enfrentar um “ponto de inflexão histórico”, disse o Ministério das Relações Exteriores do Japão em seu relatório anual de política divulgado na terça-feira.
Em seu Bluebook diplomático de 2023, o Japão também mostrou uma postura mais dura contra a China, que impulsionou suas atividades militares marítimas na região do Indo-Pacífico. Pela primeira vez, prometeu no relatório aprofundar a cooperação com as nações do “Sul Global”.
O relatório disse que “a tendência de colaboração internacional” está enfraquecendo globalmente, apesar de ter sido reforçada após o fim da Guerra Fria em 1989, mas também disse que a cooperação é necessária agora para conter as ações agressivas da Rússia contra a Ucrânia e outras questões globais, incluindo a mudança climática.
O Japão alertou que os casos de tensão diplomática e confronto em todo o mundo podem escalar em um cenário de disfunção internacional, criando uma situação em que “as relações internacionais estão entrelaçadas de maneira complexa com confronto, competição e cooperação”.
O relatório foi divulgado em um momento em que se intensifica a cisão entre as grandes democracias desenvolvidas e o campo Rússia-China, representada pela disfunção do Conselho de Segurança da ONU em lidar com a guerra que Moscou trava na Ucrânia desde fevereiro de 2022.
Rússia e China são dois dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU com poder de veto. Esse poder é compartilhado com os Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, que vêm impondo sanções econômicas punitivas a Moscou por causa de sua agressão contra seu vizinho.
Alguns países têm “fortalecido suas atitudes desafiadoras em relação à ordem internacional existente, com base em suas visões únicas da história, valores e auto-afirmação”, disse o livro azul, aparentemente criticando a China e a Rússia.
No relatório, o Japão também adotou uma posição mais rígida contra a China, chamando as políticas diplomáticas e os desenvolvimentos militares do Partido Comunista de “o maior desafio estratégico”. Na edição de 2022, Tóquio havia dito que eram “fortes preocupações de segurança”.
Crescem os temores sobre o possível uso de força militar pela China contra Taiwan, uma ilha democrática autogovernada que Pequim considera uma província renegada a ser unida ao continente, pela força, se necessário.
O bluebook disse que Tóquio monitorará de perto os exercícios militares conjuntos entre a China e a Rússia perto do território japonês, conduzidos “em um ritmo cada vez mais frequente”. É a primeira vez que o Japão expressa ansiedade sobre os laços militares dos dois países no relatório.
Crédito: Japan Times (O ministro das Relações Exteriores, Yoshimasa Hayashi, fala a repórteres após conversar com seu homólogo chinês, Qin Gang, em Pequim, em 2 de abril. | KYODO)