Cortes de ônibus em Tóquio e aumentos de tarifas evidenciam a crise da escassez de motoristas no Japão. Entenda as causas e o impacto nacional no transporte público.
A crescente escassez de motoristas no Japão está atingindo seriamente o transporte público da capital. Recentemente, o Departamento Metropolitano de Transporte de Tóquio cortou 206 serviços de ônibus Toei em sua revisão de horário de outubro, refletindo uma crise que afeta dezenove das 126 rotas, incluindo as que servem grandes centros como as estações Shinagawa, Shinjuku, Ueno e Kasai. Milhares de passageiros que dependem diariamente dos ônibus agora enfrentam menos opções e maior incerteza.
A Crise da Escassez de Motoristas no Japão se Espalha
Essa redução em Tóquio não é um caso isolado, mas sim um reflexo de uma tendência mais ampla no setor de transportes do país. A escassez de motoristas no Japão forçou outras grandes operadoras, como Kanto Bus, Odakyu Bus, Kokusai Kogyo Bus, Tokyu Bus e Seibu Bus, a também cortar serviços e aumentar as tarifas.
- Ajustes de Tarifa: Os aumentos variam de 10 a 20 ienes dependendo da operadora e visam melhorar o tratamento dos funcionários e garantir a segurança dos motoristas. Essas reduções de serviços e aumentos de tarifas estão programados para continuar até 2025.
Prejuízos Além de Tóquio
A dimensão da escassez de motoristas no Japão é nacional, impactando inclusive a logística de atividades educacionais e turísticas:
- Toyama: Em maio de 2024, a Toyama Chiho Railway suspendeu 60 serviços de ônibus expresso em cinco rotas para realocar motoristas para viagens escolares.
- Hokkaido: Em Kushiro, 17 escolas de ensino fundamental tiveram que cancelar suas tradicionais viagens escolares de setembro por falta de ônibus. Elas se reorganizaram para viagens conjuntas em outubro e novembro, compartilhando destinos e acomodações para garantir o transporte na baixa temporada.
As Raízes do Problema e Soluções Propostas
Especialistas apontam que as causas da escassez de motoristas no Japão são multifacetadas, incluindo:
- Baixos salários
- Condições de trabalho exigentes
- Dificuldade em garantir dias de descanso
O professor Kazuya Itaya, da Universidade Ryutsu Keizai, ressalta que os motoristas frequentemente perdem folgas programadas devido à necessidade de cobrir colegas doentes, já que “os ônibus não podem ser simplesmente suspensos”. Ele afirma que “Criar um ambiente de trabalho sustentável para os motoristas é essencial. Aumentos salariais para atrair e reter funcionários tornam os reajustes de tarifas inevitáveis”.
Equilíbrio entre Custo e Serviço Essencial
As autoridades do setor defendem que, embora essas medidas penalizem os passageiros, são necessárias para a sustentabilidade. As linhas de ônibus são conexões vitais para hospitais, repartições públicas e áreas residenciais que não são atendidas por trens. A falta desses serviços pode afetar a vida cotidiana e, em situações extremas, a segurança.
Passageiros e especialistas também destacam que o estresse mental — causado, por exemplo, por reclamações sobre atrasos — aumenta a pressão e contribui para os pedidos de demissão. O desafio central é, portanto, equilibrar a sustentabilidade financeira do setor com a manutenção de um transporte público essencial em meio à crise da escassez de motoristas no Japão.
**Portal Mundo-Nipo**
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