Um relatório chocante revela o “tsunami oculto” de lixo eletrônico EUA Ásia, com milhões de toneladas enviadas ilegalmente. Entenda o impacto tóxico e as empresas envolvidas.
Milhões de toneladas de eletrônicos descartados dos Estados Unidos estão sendo enviadas para o exterior, a maioria para países em desenvolvimento no Sudeste Asiático. Um novo e chocante relatório da Basel Action Network (BAN), um órgão de vigilância ambiental, lançado na última quarta-feira, revela que essas nações estão despreparadas para lidar com segurança com os resíduos perigosos contidos neste lixo eletrônico EUA Ásia.
A investigação de dois anos da BAN, sediada em Seattle, descobriu que pelo menos 10 empresas americanas estão exportando eletrônicos usados para a Ásia e o Oriente Médio. A organização chama esse fluxo de um “tsunami oculto” de lixo eletrônico.
“Este novo tsunami quase invisível de lixo eletrônico está aumentando as margens de lucro do setor de reciclagem, enquanto permite que equipamentos de TI americanos sejam processados secretamente em condições prejudiciais no Sudeste Asiático.” — trecho do relatório da BAN.
O Problema do Lixo Eletrônico Global
Lixo eletrônico, ou e-lixo, é composto por dispositivos descartados (como celulares e computadores) que contêm materiais valiosos, mas também metais tóxicos, como chumbo, cádmio e mercúrio.
Com a rápida substituição de aparelhos, o volume global de lixo eletrônico cresce cinco vezes mais rápido do que a reciclagem formal. O mundo produziu um recorde de 62 milhões de toneladas métricas em 2022, e a expectativa é que esse número suba para 82 milhões até 2030, segundo a União Internacional de Telecomunicações das Nações Unidas.
Impacto do E-Lixo Americano na Ásia
O lixo eletrônico EUA Ásia agrava a situação do continente, que já produz quase metade do total mundial de e-lixo.
- Poluição: Grande parte é despejada em aterros sanitários, liberando substâncias químicas tóxicas.
- Trabalho Ilegal: Parte acaba em ferros-velhos informais, onde trabalhadores, muitas vezes sem proteção, queimam ou desmontam dispositivos manualmente, liberando fumaça tóxica.
Cerca de 2.000 contêineres (aproximadamente 33.000 toneladas métricas) de eletrônicos usados saem dos portos dos EUA todos os meses. As empresas envolvidas, descritas como “corretoras de lixo eletrônico”, enviam o material para países em desenvolvimento.
Empresas e Certificações Questionáveis
As 10 empresas identificadas pela BAN são: Attan Recycling, Corporate eWaste Solutions (CEWS), Creative Metals Group, EDM, First America Metal Corp., GEM Iron and Metal Inc., Greenland Resource, IQA Metals, PPM Recycling e Semsotai.
É alarmante que oito dessas dez empresas possuam a certificação R2V3, um padrão da indústria que visa garantir a reciclagem segura e responsável. O relatório questiona a eficácia de tal certificação.
Violação da Convenção de Basileia e Leis Internacionais
Muitos contêineres de lixo eletrônico têm como destino países que proibiram tais importações sob a Convenção de Basileia. Este é um tratado internacional que proíbe o comércio de resíduos perigosos de países não signatários, como os EUA — a única nação industrializada que ainda não o ratificou.
Para evitar a detecção, as remessas são frequentemente declaradas com códigos comerciais incorretos, como “materiais básicos” ou “metais brutos”, o que é altamente improvável dada a natureza das operações dessas empresas.
Malásia O Principal Destino do Lixo Eletrônico
A Malásia, signatária da Convenção de Basileia, foi identificada no relatório como o principal destino do lixo eletrônico dos EUA.
Após a proibição de importações de lixo pela China em 2017, muitas empresas chinesas transferiram suas operações para o Sudeste Asiático. Jim Puckett, da Basel Action Network, lamenta: “A Malásia de repente se tornou uma meca de lixo.”
Outros destinos incluem Indonésia, Tailândia, Filipinas e Emirados Árabes Unidos. O professor Tony R. Walker, da Universidade Dalhousie, alerta: “Isso simplesmente significa que o país está sendo sobrecarregado com o que é essencialmente poluição transferida de outras nações.”
Colonialismo do Lixo e Ações Locais
Nos países receptores, “trabalhadores indocumentados desesperados” operam em instalações improvisadas, inalando gases tóxicos sem proteção, um ciclo que SiPeng Wong, do Centro de Combate à Corrupção da Malásia, define como “colonialismo do lixo”.
Autoridades da Tailândia e da Malásia têm intensificado os esforços. Em maio, a Tailândia apreendeu 238 toneladas de lixo eletrônico dos EUA. Em junho, a Malásia confiscou o equivalente a US$ 118 milhões em e-lixo em operações nacionais. A maioria das instalações na Malásia era ilegal e sem salvaguardas ambientais.


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