Banco do Japão eleva taxa de juros no Japão para 0,75%, o maior nível em 30 anos. Saiba como isso afeta o iene, a inflação e os financiamentos.
A recente decisão do Banco do Japão de elevar a taxa básica de juros para 0,75% marca um momento histórico. Esse valor é o mais alto registrado no país desde o ano de 1995. A mudança afeta diretamente o valor do iene e o custo de vida nas províncias japonesas. Primeiramente, o banco central justifica a medida pela expectativa de aumentos salariais sólidos para o próximo ano.
Além disso, a redução da incerteza sobre tarifas comerciais americanas motivou a autoridade monetária japonesa. Como resultado, o mercado espera uma contenção na alta dos preços de itens básicos importados.
O impacto da taxa de juros no Japão sobre o iene e a inflação
O aumento da taxa de juros no Japão visa diminuir a diferença para as taxas dos Estados Unidos. Shingo Ide, pesquisador do Instituto NLI, acredita que isso ajuda a conter a desvalorização cambial. Atualmente, o iene fraco impulsiona a inflação de produtos essenciais como gasolina e alimentos.
No entanto, o controle da inflação por meio dos juros traz consequências variadas para cada geração. Por exemplo, os depósitos bancários agora rendem valores levemente superiores para os poupadores. Se os juros de depósitos subirem para 0,2%, o rendimento de 1 milhão de ienes dobra.
Preocupações com empréstimos imobiliários e custo de vida
Para as famílias em idade ativa, a maior preocupação reside nos financiamentos de imóveis residenciais. Cerca de 70% dos mutuários no Japão utilizam hipotecas com taxas variáveis no contrato. Isso significa que prestações mensais sobem de forma imediata quando os juros bancários aumentam.
De acordo com o serviço Moge Check, um empréstimo de 35 milhões de ienes sofrerá ajustes significativos. Uma taxa que sobe de 0,5% para 1,5% pode elevar a parcela em quase 17 mil ienes. Consequentemente, as famílias mais jovens enfrentam um peso financeiro muito maior do que os aposentados.
Diferenças geracionais e o futuro financeiro no Japão
Economistas da Mizuho Research apontam que famílias com mais de 50 anos possuem maior liquidez financeira. Essas pessoas costumam ter menos dívidas e se beneficiam do aumento nos rendimentos das economias. Por outro lado, jovens de até 29 anos enfrentam perdas líquidas anuais consideráveis.
A estimativa é que famílias jovens percam até 50 mil ienes por ano com estas mudanças. Da mesma forma, a taxa básica pode chegar a 1% no decorrer do próximo ano. Shingo Ide alerta para o risco de redução nos gastos diários das famílias mais endividadas. Em conclusão, o cenário exige planejamento rigoroso diante da nova realidade monetária do país.


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Sucursal Japão
Jonathan Miyata é Correspondente Internacional do Canal Mundo-Nipo em Tóquio. Graduado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e com Pós-Graduação em Estudos Asiáticos pela Universidade de Tóquio (Todai). Atua na cobertura de política, tecnologia e cultura japonesa há mais de 8 anos, com passagens pelo grupo Abril antes de integrar o Mundo-Nipo.
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