Prejuízo bilionário, venda da sede e interrupção na produção: a Nissan enfrenta desafios. Entenda as causas e o futuro da gigante automotiva no Japão.
A Nissan Motor Co. divulgou um prejuízo líquido de 221,9 bilhões de ienes (US$ 1,4 bilhão) no primeiro semestre, um resultado que contrasta drasticamente com o lucro registrado no mesmo período do ano anterior. Essa reviravolta financeira, anunciada em 6 de novembro, é acompanhada de decisões estratégicas de peso: a venda do edifício de sua sede em Yokohama por 97 bilhões de ienes e planos de interrupção da produção nacional por uma semana. A situação da Nissan levanta questões cruciais sobre a estabilidade do mercado automotivo japonês e o futuro de uma das suas maiores montadoras.
Queda no Desempenho as Causas do Prejuízo da Nissan
O prejuízo líquido acumulado no semestre encerrado em setembro reflete o fraco desempenho no principal negócio automotivo da empresa e o impacto das tarifas adicionais impostas ao Japão pelo governo Trump, nos EUA. A receita de vendas sofreu uma redução de 6,8% em relação ao ano anterior, totalizando 5,5786 trilhões de ienes.
A Nissan também reportou um prejuízo operacional de 27,6 bilhões de ienes, revertendo um lucro operacional do ano passado. No entanto, a gestão conseguiu reduzir o prejuízo operacional previsto inicialmente (180 bilhões de ienes) ao adiar projetos de pesquisa e desenvolvimento e por ter custos relacionados a regulamentações ambientais dos EUA menores que o esperado.
As projeções para o ano fiscal completo, que termina em março de 2026, continuam desafiadoras. A empresa prevê uma queda de 7,4% na receita (11,7 trilhões de ienes) e um prejuízo operacional de 275 bilhões de ienes. Se concretizado, será o primeiro prejuízo operacional completo desde 2021, período da recessão global causada pela pandemia de COVID-19. O impacto das tarifas americanas sobre a Nissan é estimado exatamente neste mesmo valor: 275 bilhões de ienes.
Venda Estratégica da Sede e Arrendamento de 20 Anos
Como parte de sua estratégia de reestruturação, a Nissan venderá o edifício de sua sede em Yokohama. O comprador é uma joint venture financiada majoritariamente pelo Grupo Minth, um fabricante taiwanês de autopeças. O valor da transação injetará capital crucial na montadora.
- Preço de Venda: 97 bilhões de ienes.
- Lucro Extraordinário: 73,9 bilhões de ienes, a ser contabilizado no ano fiscal de 2026.
- Uso dos Fundos: Modernização de equipamentos e reformas nos negócios para reverter a situação financeira.
Apesar da venda, a Nissan assinará um contrato de arrendamento de 20 anos para continuar utilizando o edifício como sua sede, mantendo sua localização estratégica na cidade onde foi fundada.
Redução Doméstica Restrições de Semicondutores Afetam a Produção
A crise da Nissan não se limita ao balanço financeiro, atingindo a produção. A montadora planeja reduzir a produção em várias centenas de veículos por uma semana, a partir de 10 de novembro, nas fábricas de Oppama (Yokosuka) e na Nissan Motor Kyushu Co. (Kanda).
A causa imediata é a restrição de exportação imposta pelo governo chinês aos produtos da Nexperia BV, uma fabricante de semicondutores com sede na Holanda, de propriedade chinesa. Essa medida de Pequim, que seguiu a decisão do governo holandês de colocar a Nexperia sob supervisão estatal por preocupações de segurança econômica, ilustra a vulnerabilidade da cadeia de suprimentos global a tensões geopolíticas. Guillaume Cartier, diretor de desempenho da Nissan, admitiu a possibilidade de que os efeitos dessas restrições se espalhem globalmente.
Em um contexto mais amplo, a Nissan já está prosseguindo com planos de demitir 20.000 funcionários e fechar sete unidades de produção em todo o mundo, medidas drásticas motivadas pelas vendas fracas na América do Norte e na China.


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