A primeira-ministra Sanae Takaichi promete rigor contra violações de regras por estrangeiros. Entenda os desafios e a futura política de imigração do Japão com cotas numéricas.
A ascensão da conservadora Sanae Takaichi ao cargo de primeira-ministra do Japão, na última terça-feira, trouxe ao centro do debate a política de imigração do Japão. Em seu primeiro discurso político na sexta-feira, Tóquio, Takaichi enfatizou a necessidade de lidar firmemente com estrangeiros que violam as regras do país, ressaltando que tal medida deve ser distinta de qualquer tipo de xenofobia. Contudo, os detalhes sobre como essa política será implementada ainda não estão totalmente claros.
A discussão sobre o controle de fronteiras e a presença estrangeira ganha urgência. O Japão depende cada vez mais de trabalhadores de fora para compensar o declínio de sua força de trabalho. Com isso, o foco se volta para uma possível introdução de um “teto total” no número de residentes estrangeiros, uma medida defendida pelo parceiro de coalizão do Partido Liberal Democrata (LDP), liderado por Takaichi.
O Crescimento Recorde da Comunidade Estrangeira no Japão
A população não japonesa no país está em crescimento acelerado. De acordo com a Agência de Serviços de Imigração, o número de residentes estrangeiros no Japão atingiu um recorde de 3,96 milhões ao final de junho.
Este aumento, de cerca de 180.000 em relação ao ano anterior, é significativo. Atualmente, os estrangeiros representam 3,2% da população total do Japão – um salto notável se comparado aos 1,03% de três décadas atrás. Este dado sublinha a rápida transformação de um país historicamente conhecido por sua homogeneidade.
| Período | Total de Residentes Estrangeiros | Porcentagem da População |
| Três Décadas Atrás | 1,29 Milhão | 1,03% |
| Final de Junho (Atual) | 3,96 Milhões | 3,2% |
Estratégia Populacional e Futuras Cotas
O acordo de coalizão entre o LDP e o Partido da Inovação do Japão estabelece a elaboração de uma “estratégia populacional” até o ano fiscal de 2026. Esta estratégia é crucial, pois definirá metas numéricas para a aceitação de estrangeiros, podendo moldar o escopo da futura política de imigração do Japão.
Atualmente, apenas um número limitado de status de residência possui limites numéricos. Isso deixa uma ampla margem para discussão sobre:
- Como as regulamentações devem ser estruturadas.
- Como as cotas máximas para estrangeiros serão determinadas.
Escassez de Mão de Obra Versus Novas Regras
A escassez de mão de obra no Japão tem se agravado, ameaçando prejudicar o crescimento econômico. Muitos setores, como a indústria de alimentos em Tóquio, clamam por maior aceitação de trabalhadores estrangeiros para sustentar a produção.
Um fabricante de alimentos em Tóquio resumiu o dilema: “Sem trabalhadores estrangeiros, a produção seria difícil”. Ele ponderou que o sistema japonês pode precisar mudar para evitar a “confusão” vista nas políticas de migração da Europa, mas a dependência da indústria em relação à mão de obra externa é inegável.
A Ascensão da Direita e o Debate Imigratório
A política de imigração do Japão tornou-se uma questão política central. Pequenos grupos conservadores de oposição, como o partido de direita Sanseito, têm ganhado força com um discurso que defende controles mais rigorosos sobre residentes estrangeiros sob a bandeira “Japonês Primeiro”.
Este tema foi alçado ao primeiro plano do debate político durante a campanha para a eleição da Câmara dos Vereadores em 20 de julho, evidenciando uma crescente polarização sobre o futuro da composição social e econômica do Japão.
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