
Descubra o boom dos brinquedos cápsula (gacha gacha) no Japão! De Harajuku a coleções raras, entenda por que turistas e colecionadores se encantam por essa cultura japonesa.
Não mais restritos ao público infantil, os brinquedos cápsula no Japão estão vivenciando um renascimento, atraindo turistas e colecionadores de todas as idades. Uma loja em Harajuku, Tóquio, com cerca de 1.700 dispensadores em dois andares, ilustra perfeitamente essa tendência, que movimenta um mercado vibrante.
Gacha Gacha: Mais do que Brinquedos, Lembranças Japonesas
A turista sul-coreana Jo Hyeon-jeong, 25, visitou o Capsule Lab em Takeshita-dori em busca de itens da Hello Kitty e personagens de “Chiikawa”. Ela ressaltou a variedade e o preço acessível dos produtos japoneses em comparação com os de seu país. Segundo a Capcom Co., operadora da loja, os brinquedos cápsula eram inicialmente para famílias, mas a demanda de turistas disparou, representando hoje metade dos clientes.
A Ascensão das Lojas Especializadas em Brinquedos Cápsula
Sessenta anos após o primeiro invólucro de plástico cair de uma máquina de venda no Japão, os “gacha gacha” continuam a evoluir, conquistando crianças e adultos. Em seu quarto boom, esses brinquedos são agora encontrados em lojas especializadas lotadas de estrangeiros. Com preços variando entre 300 ienes (US$ 2,10) e 1.000 ienes ou mais, eles se tornaram lembranças populares do Japão.
Um funcionário do Capsule Lab observa: “Anteriormente, eram usados apenas para preencher espaços vazios em estabelecimentos e estações de trem, mas houve um aumento de lojas especializadas desde 2000. Eles ganharam popularidade devido ao espaço especial onde os clientes podem encontrar seus itens favoritos”. Empresas como o Geo Group, que opera as lojas Capsule Rakkyoku, planejam expandir para 100 unidades, apostando na contínua ascensão dos brinquedos cápsula.
A Busca Constante pela Próxima Tendência em Gacha Gacha
Os fabricantes de brinquedos cápsula estão em constante inovação. A T-Arts Co., líder do setor, lança cerca de 50 novas séries mensalmente. Produtos fofos e em tons pastéis, que atraem mulheres entre 20 e 30 anos, têm ganhado destaque. Kentaro Endo, da T-Arts, afirma: “Os produtos cuja fofura destacamos ao máximo são populares”. O compartilhamento de fotos nas redes sociais cria um ciclo virtuoso, impulsionando o desejo pelos itens.
A equipe de Endo monitora as redes sociais para identificar a próxima grande novidade no mundo dos gacha gacha. Além disso, tem havido um crescimento notável em colaborações com outras empresas, como a Japan Post Co. (com temas de correios) e as operadoras NTT East e West (com telefones públicos, que venderam mais de 2,9 milhões de unidades). Até mesmo governos municipais, como o de Shinagawa em Tóquio, lançaram brinquedos cápsula temáticos para souvenirs locais.
O Quarto Boom e a Cultura Japonesa por Trás dos Gacha Gacha
O precursor dos dispensadores de brinquedos cápsula surgiu nos EUA em 1930, chegando ao Japão em 1965. Inicialmente populares entre crianças em lojas de doces, os brinquedos ganharam força nos anos 80 com personagens de “Kinnikuman” e, posteriormente, com itens voltados para o público masculino.
Um ponto de virada, segundo o crítico de brinquedos Omatsu, foi em 2012, com a série “Fuchico on the Cup” da Kitan Club Co. Essas bonecas, que se prendem a copos, viralizaram nas redes sociais, atraindo um público feminino crescente. O mercado de brinquedos cápsula continua em expansão, atingindo 64 bilhões de ienes no ano fiscal encerrado em março de 2024, um aumento de 5% em relação ao ano anterior.
Omatsu explica que o “quarto boom” se deve, em parte, ao aumento de lojas especializadas durante a pandemia, que visavam cortar despesas com mão de obra. Ele destaca que as lojas especializadas também estão se aventurando em mercados estrangeiros. “Os japoneses têm uma cultura de colecionar coisas pequenas, e estão abertos a pagar por coisas incertas, como bilhetes da sorte ‘omikuji’. Acho que os brinquedos cápsula se tornaram populares entre os estrangeiros porque são ‘tão japoneses’, incluindo esse fator.” Essa fascinante cultura de colecionar o imprevisível é a essência do fenômeno.


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