O governo debate endurecer a imigração no Japão com novos limites para vistos de trabalho. Entenda o impacto das políticas previstas para 2026 na comunidade estrangeira.
Um painel de especialistas do governo japonês iniciou, em 27 de novembro, discussões cruciais sobre o futuro da imigração no Japão. O objetivo principal é endurecer as políticas de restrição à entrada de estrangeiros no país.
Esta medida visa aliviar o que a primeira-ministra Sanae Takaichi descreve como “ansiedades públicas” em relação ao aumento de residentes estrangeiros. O painel pretende finalizar as novas diretrizes políticas até janeiro de 2026.
O debate sobre fronteiras mais rígidas
Existem visões divergentes sobre o tema. Os defensores de regras mais rigorosas argumentam que é necessária uma adaptação às rápidas mudanças sociais.
Por outro lado, há uma preocupação crescente de que essas novas regras possam fomentar a xenofobia. A raiz dessa política de imigração no Japão mais restritiva está no acordo de coalizão entre o Partido Liberal Democrático (PLD), atualmente no poder, e o Nippon Ishin (Partido da Inovação do Japão).
O Nippon Ishin, desde que era oposição, defende a limitação numérica de entradas, embora propostas inflexíveis tenham gerado receios sobre impactos negativos na economia e na sociedade japonesa, que depende de mão de obra externa.
Vistos de trabalho sob análise
O foco do governo não é apenas reduzir o número geral de entradas, mas estabelecer limites específicos para certos status de residência que permitem trabalho.
Atualmente, já existem tetos para o visto de “Trabalhador Qualificado Específico”, criado para suprir a escassez crônica de mão de obra em setores chave. Limites similares estão previstos para o futuro status de “Emprego para Desenvolvimento de Habilidades”, que substituirá o sistema de estágio técnico em 2027.
A grande novidade é que o governo considera aplicar restrições também ao visto de “Engenheiro/Especialista em Ciências Humanas/Serviços Internacionais”.
Combate ao uso indevido de vistos
O visto de “Engenheiro/Especialista” é o segundo mais comum entre os estrangeiros no Japão, com cerca de 460.000 portadores em junho. Ele é destinado a funções especializadas.
No entanto, relatórios indicam um número crescente de empregadores utilizando indevidamente este status. Eles atribuem trabalhos braçais simples a estes profissionais, o que viola a Lei de Controle de Imigração. O governo planeja medidas para coibir essa prática, além de limitar a emissão de novos vistos nesta categoria.
Contexto político e social
As discussões sobre a restrição da imigração no Japão ganharam força após relatórios do Ministério da Justiça, ainda sob o governo anterior, sugerirem uma “gestão quantitativa”. O argumento era que questões migratórias ameaçavam a estabilidade política em outras nações do G7.
Além disso, tensões sociais recentes e o crescimento de partidos políticos com plataformas nacionalistas, que culpam estrangeiros por problemas como a inflação, pressionam o governo a adotar uma postura mais rígida.


**Portal Mundo-Nipo**
Sucursal Japão
