Ataque Fatal a Estudante Japonês em Shenzhen Alerta Comunidade. Medidas de segurança são questionadas após tragédia envolvendo criança.
PEQUIM (Mainichi) — A crescente inquietação entre os residentes japoneses na China pode acelerar o afastamento do país após uma série de incidentes envolvendo cidadãos japoneses, incluindo o recente ataque fatal a um estudante em Shenzhen, província de Guangdong.
Em 18 de setembro, um aluno de 10 anos da Escola Japonesa de Shenzhen foi esfaqueado por um chinês de 44 anos enquanto estava a caminho da escola, falecendo no dia seguinte. As autoridades chinesas não divulgaram motivos ou histórico para o incidente, deixando a comunidade japonesa na China em estado de alerta. As medidas tomadas pelo governo japonês ainda são insuficientes para garantir a segurança dos cidadãos.
Uma mulher na faixa dos 30 anos, cujo filho frequenta uma escola japonesa em Pequim, relatou ao Mainichi Shimbun: “Tento não sair o máximo possível. É assustador porque nem sabemos se o ataque foi direcionado aos japoneses ou não.” Ela mencionou que, quando precisa sair, verifica se há pessoas suspeitas ao redor e evita falar em japonês.
Um expatriado na faixa dos 40 anos, que envia sua filha mais velha para um jardim de infância em Pequim, revelou: “Quando a levo para e do jardim de infância, tenho cuidado com a forma como ela se veste para que não seja reconhecida como uma criança japonesa.” Ele expressou preocupação, dizendo: “Houve um incidente em Suzhou (província de Jiangsu) em junho, e agora outro em Shenzhen. Se as coisas continuarem assim, haverá um terceiro e um quarto incidentes.”
A principal prioridade dos pais é garantir a segurança de seus filhos ao irem e voltarem das escolas japonesas. Em resposta ao ataque com faca a uma mãe japonesa, seu filho e uma mulher chinesa em Suzhou, em junho deste ano, o Ministério das Relações Exteriores do Japão alocou 350 milhões de ienes (cerca de US$ 2,46 milhões) em seu pedido de orçamento fiscal de 2025 para a colocação de guardas de segurança em ônibus escolares nas escolas japonesas na China. Após o incidente em Shenzhen, o ministério destinou cerca de 43 milhões de ienes (aproximadamente US$ 302.000) do orçamento atual para reforçar a segurança nos ônibus escolares e ao redor das escolas. Existem cerca de 3.700 alunos matriculados em 12 escolas japonesas na China, e em algumas áreas há escassez de ônibus escolares. Alguns alunos vão a pé para a escola, como no caso do último ataque, o que torna as medidas de segurança inadequadas.
Em uma reunião de emergência na Embaixada do Japão em Pequim, em 23 de setembro, com a participação do Ministro de Estado das Relações Exteriores, Yoshifumi Tsuge, autoridades da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa na China e da Escola Japonesa de Pequim, foram feitos pedidos para “eliminar a necessidade de ir a pé para a escola”.
Algumas empresas japonesas na China começaram a permitir que seus funcionários retornassem temporariamente ao Japão, alegando que “a segurança dos expatriados em empresas japonesas e suas famílias é fundamental para manter os negócios na China”, disse Tetsuro Homma, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa na China. Incidentes como a detenção de um funcionário japonês da Astellas Pharma Inc. por suposta espionagem, juntamente com a deterioração das relações EUA-China, estão pressionando as empresas a rever suas operações na China. O recente ataque com faca pode acelerar a mudança econômica para longe da China.
Há também preocupações sobre o agravamento do sentimento público em ambos os países. Em resposta ao incidente de Shenzhen, o Ministério das Relações Exteriores japonês pediu em 19 de setembro que os residentes e viajantes japoneses na China fossem cautelosos. A Embaixada Chinesa no Japão também emitiu um aviso em 24 de setembro para seus cidadãos que visitarão o Japão antes do feriado do Dia Nacional da China, que começa em 1º de outubro, pedindo que “tenham cautela diante da situação atual”.
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