O Japão registra novo recorde de força de trabalho, impulsionado por idosos e mulheres, apesar do envelhecimento da população. Entenda os desafios e impactos dessa tendência.
O Japão tem desafiado as expectativas demográficas com um aumento notável em sua força de trabalho. Em 2024, o país registrou um recorde histórico pelo segundo ano consecutivo, atingindo 69,57 milhões de trabalhadores, de acordo com a Pesquisa da Força de Trabalho do Ministério de Assuntos Internos. Esse marco, divulgado em 31 de janeiro, representa um crescimento de 320 mil pessoas em relação ao ano anterior, impulsionado principalmente pela participação de idosos, mulheres e residentes não japoneses.
A Força de Trabalho Japonesa: Um Panorama em Expansão
A força de trabalho japonesa, definida como a soma de pessoas empregadas e desempregadas com 15 anos ou mais, tem apresentado uma tendência de alta desde 2012, ultrapassando a marca de 69 milhões de trabalhadores em 2019 e atingindo 70,03 milhões em junho de 2024, um novo recorde histórico. Esse crescimento notável ocorre em um contexto de baixa taxa de natalidade e envelhecimento da população, o que torna a análise da composição da força de trabalho ainda mais relevante.
Idosos e Mulheres: Os Pilares do Crescimento
Apesar da diminuição do número de pessoas em idade ativa (entre 15 e 64 anos), o Japão tem conseguido expandir sua força de trabalho graças à crescente participação de mulheres e idosos. Em 2024, a população economicamente ativa com 65 anos ou mais atingiu 9,46 milhões, um número 1,9 vezes maior do que em 2000. Cerca de 26,1% das pessoas nesse grupo demográfico estão dispostas a trabalhar, demonstrando um grande potencial para mitigar os efeitos do envelhecimento populacional.
Além disso, o número de mulheres na força de trabalho chegou a 31,57 milhões em 2024, um aumento de aproximadamente 4 milhões em relação a 2000. A questão da “curva em forma de M”, que reflete a saída de mulheres do mercado de trabalho devido a responsabilidades familiares, tem apresentado melhorias significativas, indicando um maior aproveitamento do potencial feminino na economia japonesa.
Estimativas Divergentes e o Futuro do Mercado de Trabalho
As projeções para o futuro da força de trabalho japonesa são diversas. A Persol Research and Consulting estima que a força de trabalho continue em crescimento, atingindo cerca de 71 milhões em 2030 e 72 milhões em 2035, impulsionada principalmente pela participação dos idosos. Ryota Nakamata, do instituto de pesquisa, destaca que a alta porcentagem de idosos que desejam continuar trabalhando após a idade de aposentadoria é um fator crucial para esse cenário otimista.
Por outro lado, o Instituto Japonês de Política Trabalhista e Treinamento apresenta uma perspectiva mais conservadora, prevendo uma força de trabalho de 65,56 milhões em 2030 e 60,02 milhões em 2040, caso a participação no mercado de trabalho se mantenha nos níveis de 2022. No entanto, o instituto também reconhece que, em um cenário de crescimento econômico e aumento da participação, a força de trabalho poderia atingir 69,4 milhões em 2030 e 67,91 milhões em 2040.
Desafios e Implicações para a Economia Japonesa
Independentemente das projeções, o aumento da participação de idosos e mulheres no mercado de trabalho não garante, necessariamente, um aumento proporcional no número de horas trabalhadas. Muitos trabalhadores mais velhos optam por jornadas mais curtas, o que pode impactar a produtividade e a oferta de mão de obra.
A Persol Research and Consulting estima que o número de horas trabalhadas por funcionário diminua de 1.850 em 2023 para 1.687 em 2035, resultando em uma escassez de 17,75 milhões de horas por dia, o equivalente a 3,84 milhões de trabalhadores. Esse cenário representa um desafio para a economia japonesa, que precisa encontrar formas de aumentar a produtividade e garantir o pleno funcionamento do mercado de trabalho.
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