A forte recuperação econômica do Japão no último trimestre provavelmente recuperou apenas cerca de metade do crescimento perdido durante os estágios iniciais da pandemia, dados oficiais devem mostrar na segunda-feira, com o fraco investimento empresarial contribuindo para desacelerar o ímpeto daqui para frente.
Economistas veem o produto interno bruto saltando a um ritmo anualizado de 18,9% nos três meses até setembro, ajudados pela melhora do comércio com os Estados Unidos e a China, um retorno da indústria automobilística e o maior aumento nos gastos das famílias desde o início do milênio.
Esse seria o maior surto de crescimento desde 1968. Mas levará três anos para que o PIB recupere seu pico antes do COVID-19 e de um aumento do imposto sobre vendas em 2019, de acordo com o economista Yoshimasa Maruyama da SMBC Nikko Securities. A economia do país no período abril-junho encolheu 27,8% anualizados em termos reais em relação ao trimestre anterior.
A preocupação de que a recuperação perderia força sem mais ajuda governamental obrigou o primeiro-ministro Yoshihide Suga a pedir um terceiro orçamento extra. Novos gastos irão aumentar a montanha de dívida do Japão, mas são vistos como necessários com o impacto do enfraquecimento das medidas existentes e novas ondas de vírus na Europa e nos EUA, colocando em risco uma melhoria nas exportações.
Os casos de vírus também estão aumentando novamente no Japão , gerando preocupação de que uma ação mais dura seja necessária, apesar do relativo sucesso do país em conter a epidemia. Restrições voluntárias renovadas podem esfriar rapidamente o aumento nos gastos do consumidor.
As empresas também não devem aumentar os gastos com uma perspectiva tão incerta, mesmo em meio às esperanças de uma vacina precoce. Economistas estimam que os gastos de capital caíram 2,9% em uma base não anualizada em relação ao período de abril a junho, quando caiu 4,7%. O investimento está se tornando apenas ligeiramente positivo neste trimestre.
Os gastos das empresas foram um importante suporte para a economia antes da pandemia, tornando a recuperação do apetite por investimentos da diretoria um fator-chave na velocidade da recuperação do Japão.
Os gastos com sistemas de trabalho em casa necessários durante a pandemia ajudaram até agora a evitar um enfraquecimento ainda maior dos gastos de capital. As interrupções nas cadeias de abastecimento durante a crise, além da guerra comercial em curso entre os EUA e a China, também criaram um incentivo para que alguns gastos tornassem a produção mais resistente a choques.
A Sytecs Co., fabricante de médio porte de automóveis e peças relacionadas a chips com operações na China, é uma das cerca de 70 empresas japonesas que aproveitam os subsídios do governo para incentivar mais investimentos domésticos. A empresa está expandindo uma fábrica na província de Gunma.
“Não faz mais sentido concentrar-se apenas na China”, disse o presidente da Sytecs, Shuichi Saito.
Ainda assim, muitas empresas provavelmente permanecerão cautelosas, especialmente no setor de serviços.
Os subsídios do governo para viagens ajudaram a Hato Bus Co., uma operadora de turismo com sede em Tóquio, a se manter, mas as vendas caíram e os visitantes estrangeiros não devem retornar em breve, de acordo com Yusei Ishikawa, chefe de administração de negócios da empresa.
“Paramos quase todos os nossos planos de comprar ônibus novos”, disse ele. “Não há outra escolha.”
Portal Mundo-Nipo
Sucursal Japão Tóquio
Jonathan Miyata
