O Japão enfrenta estagnação econômica e desafios políticos. Saiba como a falta de inovação e os salários reais em queda moldam o futuro do país e as possíveis soluções para a crise.
A economia do Japão enfrenta desafios complexos, com a estagnação prolongada e um cenário político em transformação. As recentes derrotas dos partidos governistas nas eleições para a Câmara Alta sinalizam o descontentamento dos eleitores, refletindo uma profunda insatisfação com a economia e a sociedade japonesa após o colapso da bolha financeira. A ascensão de novos partidos e as promessas de campanha de aumento do salário líquido revelam as prioridades da população, mas a solução para os problemas do país vai muito além de medidas de curto prazo.
O Verdadeiro Desafio: Além da Deflação e da Queda de Preços
Muitos economistas atribuem a estagnação japonesa à deflação, mas essa visão simplista não aborda a raiz do problema. Embora a queda dos preços possa ser um sintoma, a causa subjacente é a falta de inovação. Países como o Reino Unido, no século XIX, prosperaram mesmo com deflação, impulsionados por um forte investimento em novas tecnologias e modelos de negócios. A ausência de uma cultura de inovação no Japão, com empresas que evitam riscos e priorizam a acumulação de capital e o pagamento de dividendos em vez de investir em P&D e salários, é o verdadeiro motor da crise.
Enquanto a produtividade melhorou, os salários reais estagnaram ou até caíram. Essa queda salarial, combinada com o aumento dos preços, gerou um descontentamento generalizado. A promessa de aumentar o salário líquido, embora popular, não é uma solução completa. Para um crescimento econômico sustentável, é essencial haver uma inovação robusta que eleve os salários reais e, ao mesmo tempo, permita um financiamento adequado dos bens públicos, como saúde, educação e previdência social.
A Questão dos Bens Públicos e a Reforma Fiscal
A sustentabilidade do sistema de seguridade social é um dos maiores desafios do Japão. O déficit nos fundos de previdência e nos orçamentos fiscais é grave, e a população enfrenta o risco de não ter acesso a serviços essenciais no futuro. A ideia de aumentar o salário líquido via corte de impostos é arriscada, pois pode comprometer o financiamento desses serviços ou agravar o déficit fiscal.
Para enfrentar esses problemas, o texto propõe duas medidas inovadoras: um novo imposto sobre ativos financeiros herdados e a exclusão de medicamentos de venda livre da cobertura do seguro saúde público. A primeira medida aproveitaria a riqueza acumulada, enquanto a segunda racionalizaria os gastos do governo, direcionando os recursos para os riscos de saúde de maior gravidade.
O Caminho a Seguir
Apesar da complexidade do cenário, a mensagem é clara: o futuro do Japão depende de reformas audaciosas e de uma mudança de mentalidade. A estagnação não será superada com soluções fáceis ou paliativas. Os políticos têm a responsabilidade de educar a população sobre a gravidade da situação e de liderar o caminho para a inovação e para uma reforma fiscal que garanta a sustentabilidade do país a longo prazo.


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