
O Japão executa Takahiro Shiraishi, o “assassino do Twitter”, por múltiplos assassinatos em 2017. Saiba mais sobre a retomada da pena de morte no país e os debates atuais.
O Japão realizou nesta sexta-feira a execução de um homem condenado pelos assassinatos em série de nove pessoas em 2017, perto de Tóquio. Esta é a primeira execução no país desde julho de 2022, marcando a retomada da pena capital após um hiato de quase três anos.
Takahiro Shiraishi: O “Assassino do Twitter”
Takahiro Shiraishi, de 34 anos, conhecido como o “assassino do Twitter”, teve sua sentença de morte finalizada em 2021, após retirar seu recurso. Ele foi considerado culpado de assassinar, desmembrar e armazenar os corpos de suas nove vítimas em seu apartamento em Zama, província de Kanagawa. As vítimas, que haviam expressado pensamentos suicidas nas redes sociais, foram atraídas por Shiraishi, que usava um perfil no Twitter traduzido livremente como “carrasco”. Ele também foi condenado por agredir sexualmente oito das vítimas femininas e roubar dinheiro.
Declaração Oficial e Contexto
O Ministro da Justiça, Keisuke Suzuki, anunciou a execução em coletiva de imprensa, afirmando que a decisão foi tomada após “consideração cuidadosa e deliberada”. Esta é a primeira execução desde que o Primeiro Ministro Shigeru Ishiba assumiu o cargo em outubro do ano passado.
A retomada das execuções ocorre em um momento de questionamentos sobre o sistema de pena de morte no Japão. Recentemente, houve a exoneração de Iwao Hakamata, de 89 anos, que passou mais de quatro décadas no corredor da morte e foi absolvido de um homicídio quádruplo de 1966. Seu novo julgamento foi finalizado em outubro de 2024.
Debates e Pressões Internacionais
O hiato de quase três anos nas execuções é atribuído, em parte, à demissão do ex-ministro da Justiça Yasuhiro Hanashi em 2022, por comentários considerados inapropriados sobre a pena de morte. Antes de Shiraishi, Tomohiro Kato, de 39 anos, foi o último a ser executado em julho de 2022, condenado por um ataque em Akihabara que resultou em sete mortes.
A Anistia Internacional no Japão reafirmou sua oposição à pena de morte, declarando que “ninguém tem o direito de tirar a vida de alguém e isso não pode ser justificado por nenhuma razão”. A organização de direitos humanos tem pressionado o governo japonês para abolir a prática.
Apesar da pressão internacional e dos apelos de especialistas jurídicos nacionais por uma revisão da pena de morte, uma pesquisa governamental de 2024 revelou que mais de 80% dos entrevistados apoiam o sistema, considerando-o “inevitável”. É a quinta vez consecutiva que o apoio à pena de morte ultrapassa 80% nesta pesquisa quinquenal.
Atualmente, após a execução de Shiraishi, há 105 presos no corredor da morte no Japão, sendo que 49 deles entraram com pedidos de novo julgamento. O Japão e os Estados Unidos são os únicos países do G7 que ainda aplicam sentenças de morte, enquanto a União Europeia, que proíbe a adesão de países que aplicam a pena capital, tem apelado veementemente ao Japão para que reveja sua posição. Segundo a Anistia Internacional, 15 países realizaram execuções em 2024.


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