O Japão apresentou um protesto contra um exercício planejado de tiros na Rússia em águas perto de uma das quatro ilhas de Hokkaido, que estão no centro de uma disputa territorial bilateral, disse o governo japonês na quinta-feira (4).
O chefe do gabinete, Yoshihide Suga, disse em entrevista coletiva que o planejado exercício, do qual Moscou notificou Tóquio na terça-feira, é “inaceitável, pois levaria a uma forte presença militar russa” nas ilhas disputadas.
Suga acrescentou que o Japão apresentou seu protesto no mesmo dia.
O exercício foi programado para começar quinta-feira e terminar em 12 de abril, mas o Japão ainda não confirmou o início dos exercícios, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores.
As quatro ilhas, conhecidas como os Territórios do Norte no Japão e as Kurils do Sul na Rússia, foram apreendidas pela União Soviética após a rendição do Japão em 1945 na Segunda Guerra Mundial. A disputa impediu Tóquio e Moscou de concluírem um tratado de paz do pós-guerra.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores do Japão, Moscou disse a Tóquio que a prática de tiros seria realizada na costa leste de Kunashiri por sete dias, excluindo o fim de semana. A Rússia pediu que os navios de pesca fossem avisados para se manterem afastados da área.
O vice-ministro das Relações Exteriores, Takeo Akiba, apresentou o protesto ao primeiro vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Vladimir Titov, durante uma reunião em Tóquio na terça-feira.
A prática ocorre menos de um mês depois que a Rússia realizou um exercício militar em Kunashiri e Etorofu – outra das quatro ilhas – envolvendo cerca de 500 soldados de metralhadoras e unidades de artilharia. Para Moscou, a demonstração de força parece ter como objetivo alavancar as negociações bilaterais sobre um tratado de paz do pós-guerra.
“Acompanhamos de perto os movimentos dos militares russos nos territórios do norte em uma base regular”, disse Suga.
Mas ele ressaltou que o governo do primeiro-ministro Shinzo Abe “continuará a se esforçar para resolver a questão territorial e assinar um tratado de paz”.
Tóquio argumentou que as ilhas foram ilegalmente subtraídas pela União Soviética após a rendição do Japão em 1945, enquanto Moscou afirma que as adquiriu como parte do resultado da Segunda Guerra Mundial.
Abe concordou com o presidente russo, Vladimir Putin, em acelerar as negociações territoriais baseadas em uma declaração conjunta de 1956, que estipula que as duas menores ilhas – Shikotan e o grupo de ilhotas Habomai – serão transferidas para o Japão quando o pacto for concluído.
Fonte: KYODO
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