SEUL – O cenário geopolítico na Península Coreana sofreu um abalo significativo após o líder norte-coreano, Kim Jong Un, anunciar a intenção de uma emenda constitucional para reconhecer oficialmente a Coreia do Sul como um estado separado. A declaração, divulgada pela Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA) na terça-feira, vem acompanhada de uma advertência severa: Kim afirma que, apesar de não buscar um conflito armado, seu país não se esquivará de uma guerra se necessário.
Esta postura beligerante foi expressa por Kim durante seu discurso na Assembleia Popular Suprema, onde acusou Seul de visar o colapso do regime norte-coreano e da unificação por absorção. Ademais, anunciou o encerramento de organizações dedicadas à unificação e ao turismo inter-coreanos, evidenciando um agravamento das tensões que têm escalado com uma série de testes de mísseis por parte de Pyongyang.
A KCNA também relatou que Kim identificou a Coreia do Sul como o principal adversário no discurso, destacando o potencial aniquilamento que uma guerra traria ao Sul e uma derrota “inimaginável” para os Estados Unidos. A retórica agressiva sugere mudanças estratégicas nas relações entre as Coreias, possivelmente com o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte assumindo o controle das relações com Seul e justificando o uso de armas nucleares em um conflito futuro.
Este posicionamento de Kim pode ser interpretado como uma manobra para influenciar as eleições parlamentares na Coreia do Sul e pressionar o presidente Yoon Suk-yeol, que adotou uma postura rígida contra o Norte, incrementando a cooperação militar com os EUA e o Japão.
Yoon rebateu as ações norte-coreanas, condenando-as como “antinacionais” e prometendo uma resposta proporcional às provocações. Este clima de crescente hostilidade surge enquanto os EUA, a Coreia do Sul e o Japão convocam uma reunião para discutir as recentes ações provocativas da Coreia do Norte, incluindo o lançamento de um míssil balístico de médio alcance.
O comércio inter-coreano, outrora um pilar econômico para o Norte, praticamente colapsou sob o peso das sanções internacionais, enquanto Kim busca novas alianças com a Rússia para sustentar seu regime e arsenal.
As implicações destes desenvolvimentos são vastas, colocando a segurança regional em alerta e sinalizando uma era potencialmente mais volátil na política da Península Coreana.