
A sonda espacial não tripulada Hayabusa II detectou pequenas quantidades de minerais contendo água na superfície do asteroide Ryugu, segundo uma equipe de pesquisa japonesa.
As descobertas podem fornecer uma pista para resolver o mistério da origem da água da Terra. Os cientistas dizem que pelo menos parte da água veio de asteroides e cometas.
A pesquisa da missão Hayabusa II foi publicada através da versão online da revista americana Science, na terça-feira (19).
O Ryugu é classificado como um asteroide do tipo C contendo água e compostos orgânicos.
Após a sua chegada ao Ryugu em junho do ano passado, a Hayabusa II pesquisou 69.000 locais no asteroide, cobrindo 90% de sua superfície, usando um espectrômetro de infravermelho capaz de detectar minerais hidratados.
Mas a equipe disse em agosto daquele ano que sua análise dos dados de observação não encontrou nada indicando a presença de água.
Mais tarde, a equipe refez sua análise após o ajuste para erros de medição.
A análise recente descobriu que os minerais hidratados, que são em sua maioria uniformes na composição, existem na superfície a uma taxa de 1% ou menos, segundo a equipe.
“A decisão de escolher Ryugu como o destino, com base na previsão de que há água, não estava errada”, disse Kohei Kitazato, professor associado da Universidade de Aizu, na província de Fukushima.
Além disso, comparar as rochas que compõem o Ryugu com meteoritos indica que eles provavelmente já foram aquecidos no passado, de acordo com a equipe.
Os resultados de observação obtidos até agora sugerem a possibilidade de o Ryugu ter se originado do corpo de origem da família de asteroides Polana ou Eulalia. Ambas as famílias estão no cinturão de asteroides entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Acredita-se que as rochas que compõem o Ryugu tenham sido aquecidas dentro de seu corpo de origem, que foi criado há 4,56 bilhões de anos, logo após a formação do sistema solar.
Depois de perder água devido ao aquecimento, as rochas parecem ter quebrado em pedaços menores e se reunido novamente através de colisões com outros corpos celestes, disse a equipe.
Considerando seu volume e massa, a equipe acredita que o Ryugu é feito de pedras agregadas, de forma semelhante ao asteroide Itokawa, que a primeira sonda Hayabusa explorou em uma missão que terminou em 2010.
Atualmente, o Ryugu gira durante um período de 7,6 horas. Mas costumava girar muito mais rápido, com um período de rotação de 3,5 horas. Isso fez com que sua forma se inchasse em uma área equatorial devido à força centrífuga, dando ao asteroide a aparência de um pião.
“Observações detalhadas do Ryugu estão começando a lançar luz sobre sua história”, disse Seiji Sugita, professor da Universidade de Tóquio, um dos principais membros da equipe.
“Poderíamos coletar amostras preciosas que ajudarão a desvendar o que aconteceu 4,5 bilhões de anos atrás”, se a missão da Hayabusa II conseguir levar as amostras à Terra, disse o professor Seiichiro Watanabe, da Universidade de Nagoya, outro membro-chave da equipe.
Fonte: JIJI, KYODO
https://www.japantimes.co.jp/news/2019/03/20/national/science-health/hayabusa2-detects-minerals-containing-water-ryugu-asteroid/#.XJJQoyhKjIU.