O mercado de trabalho no Japão mudará drasticamente em 2026. Entenda as novas regras de visto, o aumento de custos e a concorrência com trabalhadores asiáticos.
Embora a transição oficial para o novo sistema Ikusei Shouro (Treinamento para Emprego) esteja prevista para ser concluída até 2027, o ano de 2026 será o período de “corrida” e adaptação das empresas.
- Maior Mobilidade para Asiáticos: Diferente do atual Ginou Jisshusei, o novo sistema permitirá que trabalhadores asiáticos mudem de empresa dentro do mesmo setor após um ou dois anos. Isso significa que eles começarão a competir diretamente por vagas que antes eram preferencialmente ocupadas por nikkeis (que possuem liberdade de movimento).
- Expansão de Setores: O visto de Tokutei Ginou (Habilidades Específicas) está em expansão. Em 2026, espera-se que cerca de 19 setores (incluindo transporte, ferrovias e logística) já aceitem trabalhadores asiáticos qualificados, reduzindo a exclusividade dos nikkeis em áreas além da alimentícia.
2. A Intervenção do Governo: Controle e Custos Elevados
O governo japonês tem sinalizado uma política de “qualidade sobre quantidade”. Para 2026, há previsões de medidas que impactarão diretamente o bolso e a estabilidade do trabalhador:
- Aumento Drástico nas Taxas de Visto: Propostas indicam que as taxas para renovação de visto e mudança de status podem saltar de ¥6.000 para até ¥40.000. O visto de Residência Permanente pode passar a custar mais de ¥100.000.
- Fiscalização Rigorosa: A partir de 2026, a integração de dados será total. Estrangeiros (incluindo nikkeis) com atrasos no pagamento de impostos ou seguro de saúde (Shakai Hoken ou Kokumin Kenko Hoken) enfrentarão sérias dificuldades ou até a negativa na renovação do visto.
3. Refugiados e Diversificação da Mão de Obra
A entrada de refugiados de países como Afeganistão e Myanmar, embora em menor escala que os programas de estágio, introduz uma nova camada de mão de obra de baixo custo no setor de serviços e construção. Em 2026, as empreiteiras (haken) estarão mais diversificadas do que nunca, forçando os brasileiros a buscarem diferenciais além do status de residência.
O que o Nikkei deve esperar
| Fator | Impacto para os Brasileiros em 2026 |
| Concorrência | Alta. Trabalhadores do Sudeste Asiático estarão mais qualificados e com mais liberdade de troca de empresa. |
| Custo de Vida | Aumento. Taxas imigratórias mais caras e iene instável exigirão melhor planejamento financeiro. |
| Setores de Trabalho | Pressão em Logística e Fábricas. Áreas tradicionais dos decasséguis serão o foco dos vistos Tokutei Ginou. |
| Vantagem Nikkei | Idioma e Adaptação. O diferencial será o domínio da língua japonesa e a especialização técnica. |
Conclusão: Oportunidade na Qualificação
Para os brasileiros nikkeis, 2026 não será o ano da redução de vistos, mas sim da redução da complacência. O mercado de trabalho não aceitará mais o trabalhador que não fala japonês ou que não possui uma especialização. Com os asiáticos sendo treinados sob novas leis que incentivam a permanência a longo prazo, o “visto de sangue” deixa de ser uma garantia absoluta de emprego fácil.
Dica de Ouro para 2026: Regularize todos os seus pagamentos previdenciários e invista no aprendizado do japonês (N3 ou superior). A partir de 2026, o governo usará a pontualidade tributária como o principal filtro de permanência no país.
Gostaria que eu preparasse um guia prático sobre como os nikkeis podem se preparar financeiramente para esse aumento nas taxas de visto em 2026?


**Portal Mundo-Nipo**
Sucursal Japão
Jonathan Miyata é Correspondente Internacional do Canal Mundo-Nipo em Tóquio. Graduado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e com Pós-Graduação em Estudos Asiáticos pela Universidade de Tóquio (Todai). Atua na cobertura de política, tecnologia e cultura japonesa há mais de 8 anos, com passagens pelo grupo Abril antes de integrar o Mundo-Nipo.
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