Especialista avalia políticas de imigração Japão: endurecimento ou integração? Descubra o que é vital para o futuro do país e a convivência com estrangeiros. Clique e saiba mais!
A recente disputa pela liderança do Partido Liberal Democrático (PLD) em Tóquio revelou um consenso surpreendente: todos os cinco candidatos, incluindo a vencedora Sanae Takaichi, defenderam políticas de imigração Japão mais rigorosas. Este endurecimento surge após ganhos do partido “Japoneses Primeiro” Sanseito nas eleições de julho, colocando a questão dos estrangeiros no centro do debate político. Mas, ao focar apenas no rigor, corre-se o risco de alimentar a xenofobia. Com o aumento de residentes estrangeiros, qual a abordagem correta?
A Visão da Especialista Sobre as Políticas de Imigração Japão
Em entrevista ao jornal Mainichi Shimbun, a professora associada Naoko Hashimoto, especialista em políticas para estrangeiros da Universidade Cristã Internacional, analisou o cenário. Ela observa que os candidatos buscam projetar uma imagem de “duros com estrangeiros que não seguem as regras”.
“Em um país de leis, atos ilegais devem ser tratados, mas não é verdade que a aplicação da lei não esteja funcionando especificamente quando se trata de estrangeiros.”
Hashimoto aponta que a permanência ilegal é frequentemente destacada, mas o número atual é baixo em comparação com picos anteriores e com a Europa/EUA. O controle de fronteiras do Japão, ela avalia, está funcionando bem.
A postura dos candidatos do PLD parece ser uma reação direta à ascensão do Sanseito. Contudo, a especialista aponta um equívoco na compreensão:
- O governo do PLD aceitou trabalhadores estrangeiros para suprir a escassez de mão de obra, mas se esquivou de rotular isso como uma “política de imigração”.
- A falta de sistemas claros para a convivência e a comunicação insuficiente com o público geraram desconfiança no eleitorado.
O Futuro Demográfico e a Integração Social Necessária
O foco agora precisa mudar. O Ministro da Justiça, Keisuke Suzuki, projeta que os estrangeiros, hoje 3% da população, poderão atingir 10% até 2040.
“Precisamos começar a discutir agora como fazer uma transição tranquila para uma sociedade assim”, afirma Hashimoto.
Uma direção importante é a ênfase na “integração social”, como destacado por um grupo de estudos privado.
Políticas Chave para a Convivência
Para auxiliar na integração dos estrangeiros nas comunidades locais, Hashimoto sugere ações focadas em comunicação e cultura:
- Aprendizado do Japonês: Essencial para autorrealização, proteção de direitos e comunicação diária. É urgente construir um sistema de ensino da língua japonesa com financiamento claro (público, privado ou misto).
- Orientação Cultural: Proporcionar oportunidades para ensinar leis, cultura, regras e normas japonesas. É vital definir responsabilidades entre governo nacional, local e empregadores.
- Interação Comunitária: A teoria do contato sugere que o convívio reduz o medo. Criar oportunidades de interação diária, como limpeza de lixo ou simulações de desastres, é fundamental.
Imigração, Mão de Obra e Refugiados
A ideia de limitar o número de estrangeiros é falha, pois os sistemas como o “Trabalhador Qualificado Específico (i)” já possuem limites.
A premissa fundamental é a necessidade dos estrangeiros para sustentar o sistema de seguridade social diante do declínio populacional, especialmente em áreas rurais. É crucial definir o nível de proficiência em japonês exigido para cada tipo de visto, em diálogo com a indústria.
Em relação aos refugiados, o Japão ainda está aquém da Europa e dos EUA. Embora a recente revisão da lei de imigração tenha limitado pedidos, a criação de diretrizes para determinação de status foi um avanço.
“É crucial que o que está escrito nas diretrizes seja de fato implementado nas decisões sobre o status de refugiado”, destaca a especialista.
A falta de ação robusta, como a não evacuação adequada de funcionários locais no Afeganistão em 2021, prejudica os interesses nacionais.
Combatendo a Xenofobia Online
Críticas infundadas e a xenofobia crescem. A falta de comunicação leva à desconfiança. Hashimoto sugere:
- Ensino de japonês para que residentes compreendam os pensamentos dos estrangeiros.
- Incentivo à interação diária (Teoria do Contato).
- Medidas contra o excesso de turismo, como separar rotas para turistas e moradores locais.
O Japão deve aprender com municípios com longa experiência, como Hamamatsu e Toyota, que já possuem grandes populações estrangeiras.


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