Promotores pedem prisão perpétua para Tetsuya Yamagami pelo assassinato de Shinzo Abe. Entenda o peso do abuso religioso no julgamento no Japão.
O Ministério Público do Japão solicitou formalmente a prisão perpétua para Tetsuya Yamagami. Ele é o réu confesso do assassinato do ex-primeiro-ministro Shinzo Abe. O crime ocorreu em julho de 2022 e chocou a nação. Agora, o tribunal debate o peso do abuso religioso na sentença final.
Os promotores argumentam que o perigo representado pelo crime foi extremo. Yamagami utilizou uma arma artesanal em local público. Segundo a acusação, o réu demonstrou um claro desprezo pela vida humana. Por outro lado, a defesa busca uma pena fixada em 20 anos.
O critério jurídico para a prisão perpétua no Japão
A escolha pela prisão perpétua reflete os critérios técnicos da justiça japonesa. Especialistas afirmam que o pedido da promotoria é moderado. Geralmente, a pena de morte exige múltiplas vítimas fatais. Como houve apenas uma morte, o obstáculo para a pena capital é alto.
Além disso, os promotores precisam provar a intenção de terrorismo político. No caso de Yamagami, essa prova não foi consolidada. Portanto, a prisão perpétua surge como a medida mais adequada aos precedentes.
O papel do abuso religioso no julgamento
Um ponto central da defesa é a infância difícil do réu. Yamagami alega ter sofrido as consequências do abuso religioso em sua família. Sua mãe teria doado fortunas para a antiga Igreja da Unificação. Isso destruiu a estabilidade financeira e emocional da casa.
No entanto, promotores profissionais tendem a ser rígidos com esses argumentos. O impacto real dessa história pessoal será avaliado pelos juízes leigos. Estes cidadãos comuns podem ter uma visão mais empática sobre o histórico do réu.
Segurança pública e planejamento do crime
A promotoria destacou o planejamento meticuloso realizado ao longo de vários anos. Yamagami monitorou a agenda de Shinzo Abe com precisão. O uso de uma arma de fogo em público colocou muitas pessoas em risco. Como resultado, o perigo social do ato é considerado gravíssimo pela acusação.
Perspectivas de reabilitação e veredicto
A justiça japonesa analisa se o réu pode ser reabilitado. Os promotores acreditam que a reabilitação ainda é possível neste caso específico. Por exemplo, esse fator pesou para evitar o pedido de pena de morte. No entanto, a defesa insiste que a sociedade deve refletir sobre as causas do crime.
O veredicto oficial está previsto para janeiro de 2025. Até lá, o debate sobre justiça e questões sociais continuará intenso no país. O tribunal decidirá se Yamagami passará o resto da vida na prisão.


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Jonathan Miyata é Correspondente Internacional do Canal Mundo-Nipo em Tóquio. Graduado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e com Pós-Graduação em Estudos Asiáticos pela Universidade de Tóquio (Todai). Atua na cobertura de política, tecnologia e cultura japonesa há mais de 8 anos, com passagens pelo grupo Abril antes de integrar o Mundo-Nipo.
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