
Descubra os segredos de Yakushima, a ilha japonesa que guarda cedros gigantes além do Jomon Sugi. Explore a sabedoria dos Yamashi e a beleza natural deste Patrimônio Mundial.
A ilha de Yakushima, Patrimônio Mundial da Humanidade, é reverenciada pelo imponente Jomon Sugi, um cedro gigante que por décadas foi o símbolo incontestável da ilha. No entanto, descobertas recentes revelam que o Jomon Sugi pode não ser o único colosso a habitar as profundezas desta floresta ancestral. Graças ao acesso exclusivo concedido aos “Yamashi”, madeireiros veteranos com conhecimento inigualável da ilha, câmeras de televisão puderam, pela primeira vez, explorar áreas secretas e desvendar a existência de outras árvores que rivalizam, ou até superam, o tamanho do famoso Jomon Sugi. Essa revelação transforma nossa compreensão sobre a riqueza natural de Yakushima e destaca a importância da sabedoria ancestral na preservação desses tesouros.
O Jomon Sugi O Ícone de Yakushima
Com 22,2 metros de altura e uma circunferência de tronco de 16,1 metros, o Jomon Sugi é a maior árvore atualmente conhecida em Yakushima. Sua forma retorcida e robusta, que se distingue do crescimento reto de árvores mais jovens, é um testemunho de sua longevidade. Estimativas de sua idade variam amplamente, de 2.000 a 7.200 anos, fascinando os cerca de 50.000 excursionistas que anualmente visitam a ilha na esperança de contemplar essa maravilha natural.
Revelações Inéditas Outros Gigantes de Yakushima
Recentemente, foi confirmado que pelo menos outras quatro árvores em Yakushima são comparáveis em tamanho ao Jomon Sugi. As câmeras da JNN foram as primeiras a capturar essas gigantes em vídeo. O termo “Yakusugi” designa os cedros com mais de 1.000 anos, e essas árvores são elementos cruciais nas florestas que contribuíram para a designação de Yakushima como Patrimônio Natural Mundial.
A equipe de reportagem foi guiada pelos Yamashi, profissionais da montanha que dedicam décadas ao cuidado e manejo das árvores da ilha. O acesso a áreas florestais nacionais restritas, onde essas árvores se encontram, foi fundamental para a descoberta. Por muito tempo, os Yamashi mantiveram em segredo a existência de algumas dessas árvores gigantes, devido aos perigos de se perder na densa floresta.
A Jornada com os Yamashi Conhecimento e Respeito Ancestral
Sob a liderança de Ryuji Honda, um especialista Yamashi, a equipe abandonou as trilhas tradicionais e se aventurou pela natureza selvagem. Em Yakushima, o solo é raso, forçando muitas árvores a enraizarem-se diretamente nas superfícies rochosas. Todo o ecossistema da ilha se formou sob essas condições desafiadoras, com árvores crescendo lentamente ao longo dos séculos.
Após uma caminhada de duas horas pela densa vegetação, a equipe encontrou um cedro imponente e singular. Embora sua copa já estivesse quebrada e sua vida como árvore única tivesse chegado ao fim, novas plantas cresciam em seu tronco, transformando-o em uma floresta viva. Sua circunferência, medida em 16 metros, era quase idêntica à do Jomon Sugi. “Felizmente, os Yamashi optaram por não cortar esta árvore”, expressou Honda com gratidão.
O Legado dos Yamashi Protegendo o Futuro de Yakushima
Durante o boom econômico pós-guerra no Japão, as florestas de Yakushima foram intensamente exploradas para atender à crescente demanda por madeira. Até mesmo Yakusugis centenários foram derrubados. Minoru Honda, pai de Ryuji e outrora o principal madeireiro de Yakushima, presenciou esse período. Antes de falecer, Minoru revelou que várias árvores tão grandes quanto o Jomon Sugi ainda permaneciam na floresta. Ele sempre rezava no santuário da montanha antes de trabalhar, acreditando que o espírito da montanha merecia respeito.
Por quase duas décadas, repórteres acompanharam a vida dos Yamashi, que extraíam toras gigantes, as cortavam em tamanhos transportáveis por helicóptero e as levavam para vilarejos que prosperaram como centros de fornecimento de madeira. Com o esgotamento das florestas, esses assentamentos foram abandonados. Atualmente, restam apenas quatro Yamashi, que se dedicam à colheita de tocos e árvores caídas para artesanato, valorizando os anéis de crescimento compactos.
Ryuji Honda herdou o desejo de seu pai de preservar a tradição Yamashi. Ele ressalta a habilidade extraordinária necessária para derrubar árvores centenárias, onde um erro pode ser fatal. A perícia dos Yamashi se manifesta na capacidade de identificar ocos e deterioração pela ressonância da madeira.
Em outra expedição, Ryuji e seu aprendiz, Matsumoto, descobriram outro cedro colossal, estimado em 3.000 anos, a terceira maior árvore conhecida em Yakushima, desconhecida por muitos especialistas florestais. A ilha recebe cerca de 10.000 milímetros de chuva anualmente, seis vezes a média nacional do Japão, criando um ecossistema único. Em outro ponto da floresta, encontraram outro cedro gigante, com mais de 2.000 anos. “Antigamente, havia muitas árvores como esta”, refletiu Ryuji, “o que demonstra a riqueza da floresta no passado.”
Minoru Honda era assombrado por uma história sobre duas árvores gigantes cujos galhos se entrelaçavam, consideradas sagradas e lares de deuses. Ryuji e sua equipe encontraram uma dessas árvores, o “cedro de segunda geração”, com uma base que excedia em muito o tamanho do Jomon Sugi. Essa formação singular surgiu quando um Yakusugi cresceu sobre o toco de um gigante derrubado, criando uma estrutura empilhada. A base original tinha cerca de 3.000 anos, e o novo crescimento, 2.000. A circunferência media 21 metros.
Para os Yamashi, as florestas são sagradas. Embora tenham cortado árvores para subsistência, também preservaram muitos gigantes. As sementes dessas árvores sobreviventes continuarão a regenerar a floresta, garantindo o legado vivo de Yakushima para as gerações futuras.


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