A Coreia do Sul supera o Japão em salários e atrai trabalhadores estrangeiros. Entenda como o iene fraco muda o mercado de trabalho na Ásia.
O cenário da imigração na Ásia passa por transformações profundas. Por décadas, o Japão foi o destino principal de trabalhadores. No entanto, a desvalorização do iene mudou essa realidade drasticamente. Atualmente, a Coreia do Sul surge como uma alternativa muito mais lucrativa. O governo japonês enfrenta dificuldades para manter seu prestígio internacional.
Crise econômica reduz atratividade dos salários japoneses
A economia japonesa sofre com a queda do iene e a inflação crescente. Antes de 2022, o câmbio era favorável para remessas ao exterior. Hoje, o poder de compra dos estrangeiros caiu significativamente. O salário mínimo atual mal cobre o custo de vida básico.
Como resultado, muitos jovens buscam oportunidades em países vizinhos. A Coreia do Sul oferece pagamentos bem mais competitivos na manufatura. Enquanto o Japão paga cerca de 217.000 ienes, a Coreia oferece 285.000 ienes. Essa diferença salarial pesa na escolha final do trabalhador.
| Critério | Japão (Estágio Técnico) | Coreia do Sul (Manufatura/Estudo) |
| Salário Médio Mensal | ~ 217.000 ienes | ~ 285.000 ienes |
| Idioma | Katakana, Hiragana, Kanji | Hangul |
| Flexibilidade | Regras rígidas de trabalho | Maior tolerância para trabalho extra |
| Atividade Cultural | Em declínio relativo | Alta (Fenômeno K-Pop/Dramas) |
Problemas estruturais no sistema de estágio técnico
O sistema de estágio técnico japonês recebe críticas severas globalmente. Relatos de exploração e taxas abusivas afastam novos candidatos. Muitos imigrantes chegam ao país com dívidas altíssimas. Além disso, o tratamento nas empresas nem sempre é adequado.
Primeiramente, as agências de recrutamento cobram valores astronômicos dos jovens. Por exemplo, taxas de processamento superam os 670.000 ienes. No entanto, o retorno financeiro demora muito para acontecer. Esse endividamento gera insegurança e desespero entre os funcionários.
Coreia do Sul investe pesado para atrair mão de obra
A Coreia do Sul aproveita o vácuo deixado pelo vizinho japonês. O país aumentou sua cota de estrangeiros para 165.000 em 2024. Além do dinheiro, o fator cultural impulsiona essa mudança. O sucesso do K-Pop atrai a geração mais jovem.
O idioma coreano também é considerado mais fácil de aprender. O alfabeto Hangul possui apenas 24 caracteres simples. Por outro lado, o japonês exige domínio de três alfabetos complexos. Como resultado, a adaptação social ocorre de forma mais rápida.
O futuro da disputa por trabalhadores na Ásia
O Japão planeja reformas profundas em seu sistema para 2027. Contudo, o tempo corre contra a economia japonesa. A baixa natalidade exige soluções urgentes para sustentar a indústria. Sem salários melhores, o país perderá mais espaço para Seul.
Em conclusão, a competição por talentos estrangeiros atingiu um novo nível. O Japão precisa valorizar quem ajuda a erguer sua economia. Apenas mudar nomes de vistos não será suficiente para o futuro.


**Portal Mundo-Nipo**
Sucursal Japão
Jonathan Miyata é Correspondente Internacional do Canal Mundo-Nipo em Tóquio. Graduado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e com Pós-Graduação em Estudos Asiáticos pela Universidade de Tóquio (Todai). Atua na cobertura de política, tecnologia e cultura japonesa há mais de 8 anos, com passagens pelo grupo Abril antes de integrar o Mundo-Nipo.
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