O médico congolês, recebedor do Prêmio Nobel da Paz deste ano pediu que o estupro é usado como arma de guerra e a impunidade deve ser eliminada.
Denis Mukwege, dividiu o prêmio com Nadia Murad. Ela sobreviveu a escravidão sexual do Estado Islâmico e encorajou o mundo a combater a violência sexual em conflitos.
“Hoje podemos ver que, infelizmente, existe um sistema de impunidade que reina soberano em muitas zonas de conflito no que diz respeito àqueles que cometem crimes de violência sexual”, disse Denis à Reuters.
“Acho que o mundo tem poder para traçar essa linha, para fazer com que o uso do estupro como arma de guerra seja completamente proibido”, declarou em entrevistas na República Democrática do Congo.
Em 1999, Denis Mukwege fundou o Hospital Panzi para ajudar as mulheres e meninas que sofreram estupros durante o conflito no Congo. Nele, operou mulheres estupradas, além de fazer campanhas de conscientização. Além disso, ele fornece tratamento gratuito de HIV e Aids.
Apesar de ser um crime de guerra desde 1919, foi apenas em 1997 que houve consequências para ele, quando o prefeito de uma cidade em Ruanda, Jean- Paul Akayesu foi julgado pelo TPI pelo seu papel no genocídio de 1994.
A primeira condenação por estupro do TPI aconteceu em 2016, quando o congolês Jean-Pierre foi responsabilizado por fazer campanhas de estupro e assassinatos na República Centro-Africana, que foi revertida em junho de 2018 por meio de uma apelação.
Segundo Mukwege, o sistema de justiça militar do Congo melhorou, mas que ainda há incapacidade do governo para ajudar as vítimas da violência e criar proteção para a população.
Mais de 400 mil mulheres são estupradas no Congo a cada ano, e a maior parte deles acontece durante os combates.
“O que realmente nos dá esperança é, acima de tudo, a capacidade das mulheres que tratamos de se recuperarem”, disse.
Fonte: Reuters
https://br.reuters.com/article/worldNews/idBRKCN1MT23R-OBRWD