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Universidade de Tottori cria rover para andar na duna lunar

- 5 de novembro de 2023

Mais de meio século depois de o homem ter pisado pela primeira vez na Lua, as potências espaciais do mundo estão empenhadas em uma nova missão para desvendar os segredos do vizinho mais próximo da Terra. Na corrida por exploração lunar, empresas da indústria espacial japonesa encontraram, em seu próprio jardim, uma vantagem inesperada.

No terreno acidentado da província litorânea de Tottori, no oeste do Japão, há uma vasta extensão de dunas de areia, que têm uma estranha semelhança com partes da superfície da Lua. Ao adotar as dunas como campo de provas, as firmas passaram a ter uma grande vantagem no ajuste minucioso de equipamentos para os desafios da exploração lunar.

A província de Tottori inaugurou, neste ano, um local de testes de 5 mil metros quadrados denominado Luna Terrace, no valor equivalente a 40 milhões de ienes. A área se localiza no terreno do Centro de Pesquisa de Terras Áridas, da Universidade de Tottori, situado no lado oeste das dunas.

A província diz que o local já despertou o interesse de dezenas de empresas, incluindo a fabricante de pneus Bridgestone. A firma está desenvolvendo pneus que podem ser utilizados em um veículo de exploração lunar, e vem efetuando testes no Luna Terrace. Os pneus são feitos de fibras metálicas para suportar as temperaturas escaldantes da Lua.

As companhias da indústria espacial japonesa estão sendo beneficiadas de diversas maneiras. Um exemplo é a MASUYAMA-MFG, uma firma de processamento de metal na cidade de Tottori, que emprega tecnologia digital para produzir peças de precisão para satélites de pequeno porte, bem como microscópios utilizados na Estação Espacial Internacional.

“Prevemos que, com a utilização do Luna Terrace, as grandes companhias descobrirão problemas que não haviam sido identificados na fase de projeto”, diz Masuyama Akiko, da MASUYAMA-MFG. “Além de fornecer peças, podemos fazer propostas para eliminar esses problemas, por isso estamos aguardando a oportunidade de trabalhar com empresas renomadas.”

A empresa de Masuyama está trabalhando com a Tasuku, uma start-up de Tóquio, no desenvolvimento de um rover lunar. Furutomo Daisuke, da Tasuku, foi rápido em perceber o potencial das dunas como campo de testes.

Em agosto, as duas firmas testaram seu protótipo – com apenas 50 centímetros de comprimento e equipado com uma pequena câmera – na superfície arenosa do Luna Terrace.

Para testar a facilidade de manuseio, instruíram funcionários de uma terceira empresa por um breve período de 15 minutos, instalaram-nos em um local a 2 quilômetros de distância, deram-lhes um tablet e pediram a eles que tentassem conduzir remotamente o veículo.

Os funcionários conseguiram manobrar com sucesso, controlando o rover com facilidade em todos os momentos. As marcas de pneus deixadas pelo veículo espacial provaram que a tração e a estabilidade haviam sido mantidas ao longo do trajeto.

Os criadores estão agora trabalhando para aumentar a velocidade do rover para um máximo de 60 quilômetros por hora. O objetivo é ter a versão final pronta até o outono do próximo ano, e colocá-la na superfície lunar em 2026.

“O desempenho foi mais sólido do que eu esperava”, afirmou Furutomo. “Queremos levar a tecnologia do Japão na Lua.”

Masuyama está encantada com o fato de o Luna Terrace estar colocando sua província no centro das atenções. “É bom que uma empresa como a nossa, localizada na província de Tottori, esteja sendo reconhecida”, diz ela. “Sinto que o caminho para o espaço começa aqui.”

Com uma população de somente 538 mil pessoas, Tottori é a província japonesa com o menor número de habitantes. Como os jovens estão deixando a província em busca de emprego, o número deve diminuir ainda mais.

O empreendimento espacial é uma indústria que está ajudando a atrair as pessoas de volta para a região. Mais de 100 companhias endossaram a iniciativa da província, e várias firmas estabeleceram escritórios ali.

“Queremos fazer crescer a indústria espacial”, declarou o governador de Tottori, Hirai Shinji. “É uma maneira de oferecermos aos jovens um sonho para o futuro.”

Portal Mundo-Nipo

Sucursal Japão – Tóquio

Jonathan Miyata

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