Qualidade de Vida e Crescimento Econômico: O Papel Crucial da Imigração. Avaliando o impacto a longo prazo da imigração na sociedade e na economia.
Em várias nações desenvolvidas, a tradicional alavanca de crescimento econômico proporcionada pela imigração está enfrentando desafios significativos. Durante anos, o fluxo contínuo de migrantes tem sido um fator chave para o crescimento econômico de países como Canadá, Austrália e Reino Unido, ajudando a mitigar os efeitos do envelhecimento populacional e da diminuição das taxas de natalidade. Contudo, a reabertura das fronteiras pós-pandemia trouxe um aumento no número de chegadas, exacerbando a crise habitacional existente e colocando pressão sobre os padrões de vida.
Apesar das recessões evitadas no Canadá e na Austrália após as contrações econômicas causadas pela COVID-19, a realidade per capita revela uma situação mais grave, com recessões profundas que afetam diretamente o bem-estar da população. No final do ano passado, 13 economias desenvolvidas enfrentavam recessões quando medidas por pessoa, segundo análise da Bloomberg Economics. A escassez de habitação e as tensões no custo de vida emergem como problemas comuns, questionando a viabilidade do modelo de crescimento econômico baseado na imigração.
Contudo, a imigração ainda desempenha um papel crucial em preencher lacunas no mercado de trabalho, especialmente em setores como hospitalidade, cuidados a idosos e agricultura na Austrália, e compensando a falta de mão de obra no Reino Unido pós-Brexit. Nos Estados Unidos, o aquecimento do mercado de trabalho e da economia evidencia a importância contínua da imigração, apesar dos debates políticos.
O Canadá, em particular, destaca-se pela sua taxa de crescimento populacional impulsionada pela imigração, superior à dos Estados Unidos. No entanto, a incapacidade de adicionar habitações suficientes para acomodar os novos chegados revela limitações no modelo de crescimento baseado na imigração, com impactos negativos nos padrões de vida, apesar do aumento do PIB.
A história de Akanksha Biswas, que se mudou para Toronto em busca de melhores oportunidades, ilustra as dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, incluindo aluguéis elevados, salários mais baixos e competição acirrada no mercado de trabalho. O descompasso entre o crescimento da população em idade ativa e a criação de empregos resultou em um aumento da taxa de desemprego, afetando desproporcionalmente os jovens e os recém-chegados.
A crise habitacional no Canadá, exacerbada por décadas de subconstrução e aumento contínuo dos preços dos imóveis, drenou recursos de outras áreas da economia e reduziu a produtividade. Em resposta, o governo do primeiro-ministro Justin Trudeau teve que moderar suas metas de imigração, limitando o crescimento de residentes temporários pela primeira vez, numa tentativa de aliviar a crise.
Este cenário destaca a complexidade do crescimento econômico impulsionado pela imigração, revelando a necessidade de uma abordagem mais equilibrada que considere a capacidade de um país de absorver e integrar novos chegados, garantindo ao mesmo tempo a sustentabilidade do crescimento e a qualidade de vida de todos os residentes.
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