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Notas de Iene com Mitsumata do Nepal, Uma Conexão Duradoura

- 19 de julho de 2024

Mitsumata: A Planta que Conecta Japão e Nepal Arbusto de papel oriental é essencial para a produção de notas.

XANGAI – Se não fosse pelo Nepal, as novas notas de iene que entraram em circulação em 3 de julho talvez nunca tivessem sido impressas. As novas notas de 1.000, 5.000 e 10.000 ienes, emitidas pelo Banco do Japão, apresentam retratos holográficos em 3D, marcando a primeira mudança de design em 20 anos.

Desde 1879, o “mitsumata” (arbusto de papel oriental) tem sido usado para imprimir notas, de acordo com o National Printing Bureau (NPB). Este arbusto, nativo da região do Himalaia, também cresce nas prefeituras de Okayama e Tokushima, no Japão, e é utilizado na produção do tradicional papel “washi”. No entanto, a produção doméstica de mitsumata está diminuindo.

A Conexão do Nepal com o Dinheiro Japonês

Tadashi Matsubara, presidente da Kanpou Inc., localizada no bairro Nishi de Osaka, é uma figura central na história da conexão do Nepal com o dinheiro japonês. Fundada em 1921, a Kanpou Inc. inicialmente vendia publicações governamentais, como diários “kanpo”, white papers e manuais estatísticos.

Em 1990, a Kanpou criou um programa para apoiar o cultivo de mitsumata no Nepal, a cerca de 5.000 quilômetros do Japão, garantindo que o NPB tivesse suprimento suficiente para produzir notas. A iniciativa foi motivada pela participação do então presidente da empresa em um projeto voluntário para cavar poços em vilas agrícolas no Nepal.

Cultivo de Mitsumata no Nepal

O Nepal, com sua paisagem montanhosa e solo bem drenado, oferece condições ideais para o cultivo de mitsumata. A planta, que floresce no país do sul da Ásia, é usada como matéria-prima para a produção de papel. O cultivo e processamento da planta não requerem equipamentos sofisticados, e a colheita ocorre durante o inverno, proporcionando uma fonte extra de renda para os moradores locais.

Em 1997, a Kanpou fundou uma subsidiária local no Nepal para apoiar os produtores, fornecendo orientações sobre como vaporizar os galhos e descascar a casca após a colheita. Inicialmente, o projeto era mais uma atividade de contribuição social do que um negócio lucrativo, com a produção anual do Nepal limitada a aproximadamente 30 toneladas, enquanto o Japão necessitava de cerca de 100 toneladas de mitsumata por ano.

Superando Desafios e Aumentando a Produção

Um ponto de virada ocorreu em novembro de 2014, quando os acionistas da Kanpou criticaram a administração por manter um negócio deficitário. Matsubara respondeu que encerraria o projeto se não houvesse perspectiva de recuperação dentro de três anos, mas ele estava confiante de que poderia aumentar a produção para cerca de 60 toneladas por ano.

Em 2016, a Kanpou se tornou elegível para assistência da Agência de Cooperação Internacional do Japão, permitindo a expansão das áreas de produção no leste do Nepal, perto da fronteira com a Índia, além daquelas perto de Katmandu. A empresa também se concentrou em melhorar a qualidade do mitsumata, essencial para a produção de notas de alta qualidade.

Impacto e Futuro

Os esforços da Kanpou deram frutos, e o volume total de mitsumata colhido nas áreas de produção relacionadas à empresa aumentou drasticamente para cerca de 96 toneladas em 2023, de cerca de 34 toneladas em 2014. Muitos produtores foram severamente afetados pelo terremoto que abalou o Nepal em 2015, mas o cultivo de mitsumata forneceu uma fonte preciosa de renda que sustentou seus meios de subsistência.

O negócio de cultivo de mitsumata da Kanpou voltou a ser lucrativo, e em 2026, espera-se que as Nações Unidas retirem o Nepal da lista de países menos desenvolvidos. Matsubara expressou orgulho pelo trabalho realizado e está ansioso para mostrar as novas notas japonesas feitas de mitsumata aos produtores nepaleses em sua próxima visita ao Nepal.

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