Rússia endurece controle online com bloqueios, vigilância e lei que criminaliza buscas na internet. Entenda os riscos e estratégias do Kremlin.
A Rússia vem intensificando o controle da internet, dificultando cada vez mais o acesso a sites, aplicativos e informações não alinhadas ao Kremlin. O que parece falha técnica é, na verdade, parte de uma estratégia abrangente para isolar o país digitalmente e monitorar a atividade online dos cidadãos.
Bloqueios frequentes e acesso limitado
Usuários enfrentam vídeos do YouTube que não carregam, páginas em branco em sites independentes e falhas na conexão móvel por dias. A situação piorou com a aprovação de leis restritivas, banimentos de plataformas populares e o aperfeiçoamento de ferramentas para censura e vigilância digital.
Embora VPNs ainda permitam contornar algumas restrições, elas também são bloqueadas com frequência. Agora, buscar por conteúdos considerados “ilícitos” pode até resultar em punições legais, em um cenário cada vez mais semelhante ao da Bielorrússia.
Kremlin mira serviços estrangeiros
O presidente Vladimir Putin ordenou que sejam sufocados serviços digitais estrangeiros, promovendo a criação de plataformas nacionais fortemente monitoradas. Um exemplo é o mensageiro MAX, lançado para substituir o WhatsApp, que teve mais de 97 milhões de usuários mensais e está na mira do governo.
O MAX foi projetado para ser uma alternativa oficial, permitindo trocas de mensagens, pagamentos e uso de serviços estatais. Ele será pré-instalado em todos os celulares vendidos no país, e seus termos autorizam o compartilhamento de dados com o governo.
Tecnologia e repressão caminham juntas
Desde 2011, após protestos contra o governo, o Kremlin vem ampliando mecanismos de censura. Além de obrigar provedores a armazenarem e compartilharem dados com o Estado, plataformas como Facebook, Instagram e Twitter foram banidas, e novas regras dificultam ainda mais o uso de serviços como o Signal ou o Telegram.
A Human Rights Watch alerta que a Rússia está se aproximando do modelo chinês de controle digital. A infraestrutura está sendo consolidada: apenas sete empresas administram mais da metade dos IPs no país, sendo a estatal Rostelecom responsável por 25%.
O futuro da internet russa é incerto
A censura russa evoluiu. De tentativas fracassadas, passou a ações eficazes de bloqueio, repressão e vigilância. Uma nova lei criminaliza até mesmo buscas por conteúdos classificados como “extremistas”, o que pode incluir temas LGBTQ+, críticas ao governo ou memórias de opositores como Navalny.
Mesmo sem o bloqueio total do tráfego internacional, a Rússia caminha para um isolamento digital severo, dificultando o acesso a informações livres e ameaçando a liberdade online de milhões de cidadãos.


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