A retórica agressiva de Kim Jong Un, líder da Coreia do Norte, sugere um crescente descontentamento com a diplomacia e a possibilidade de um conflito iminente na Península Coreana. Desde a Guerra da Coreia, que terminou em 1953 com um armistício, as duas Coreias permanecem em estado técnico de guerra. Recentemente, Kim classificou a Coreia do Sul como o principal inimigo e rejeitou a Linha Limite do Norte, uma fronteira marítima estabelecida entre os dois países.
Durante uma sessão parlamentar, Kim ameaçou que qualquer violação do território norte-coreano seria vista como um ato de guerra. Observadores experientes, como Robert Carlin e Siegfried Hecker, alertam que a situação atual é a mais perigosa desde 1950, indicando uma possível preparação para a guerra.
Após o fracasso da cúpula de 2019 com o presidente dos EUA, Donald Trump, parece que a Coreia do Norte está abandonando a estratégia de normalização das relações com os EUA, que durou décadas, e se voltando para ações mais agressivas. Kim aumentou seus programas nucleares e de mísseis, e a Coreia do Sul, sob o presidente Yoon Suk-yeol, adotou uma postura mais dura, prometendo uma resposta forte a qualquer provocação.
As autoridades dos EUA, incluindo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, expressaram preocupação com as ameaças de Kim, mas mantêm confiança em sua postura na península. Especialistas como Ramon Pacheco Pardo, do King’s College London, consideram improvável uma escalada, mas não descartam ações como o bombardeamento da Ilha Yeonpyeong em 2010.
Evans Revere, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA, vê as ações recentes de Kim como uma resposta à aliança EUA-Coreia do Sul e à cooperação de segurança com o Japão. Embora a Coreia do Norte continue a buscar atenção internacional com suas provocações, a sobrevivência do regime permanece como o objetivo principal.
A aproximação da Coreia do Norte com a Rússia e o fornecimento de armas para o conflito ucraniano indicam um ambiente geopolítico que pode encorajar ações mais ousadas de Pyongyang. No entanto, há dúvidas se Kim está realmente preparando uma guerra ou apenas utilizando táticas de intimidação.
As próximas eleições na Coreia do Sul e nos EUA podem intensificar a retórica belicista da Coreia do Norte, com a história mostrando um aumento significativo de provocações em anos eleitorais. O momento das ações de Pyongyang parece estar ligado ao ciclo eleitoral americano, com a possibilidade de uma vitória republicana oferecendo oportunidades para a Coreia do Norte avançar seus objetivos.
Analisar a possibilidade de guerra é desafiador sem evidências concretas, mas o aumento das tensões requer atenção e uma consideração cuidadosa dos riscos envolvidos. A comunidade internacional permanece vigilante diante do comportamento imprevisível da Coreia do Norte.