Ameaças à Segurança Nacional: Percepções do Público Japonês. China, Rússia e Coreia do Norte: Principais Preocupações.
Depois de ler a coluna sobre a modernização do comando e controle nas forças armadas do Japão e a necessidade de uma atualização da aliança Japão-EUA, o professor Ellis Krauss questionou se os políticos japoneses estavam cientes das implicações. Ele perguntou como funcionaria o Comando Conjunto se as autoridades japonesas não quisessem que as Forças de Autodefesa se envolvessem, mas permitissem que os EUA usassem bases no Japão.
O artigo anterior destacou a insistência do Japão em manter autoridades de comando separadas, mesmo com uma estrutura mais conjunta com os EUA. Krauss destacou que o sucesso desse projeto depende tanto da vontade quanto da capacidade.
Desde a Segunda Guerra Mundial, o Japão tem seguido uma política de “pacifismo de nação única”, confiando nos EUA para defesa e focando no desenvolvimento econômico. No entanto, políticos japoneses sempre foram estrategistas, como Shigeru Yoshida, que acreditava que o Japão se rearmaria nos seus termos.
Após os tumultos de 1960, os políticos japoneses evitaram discussões sobre defesa, reforçando o sentimento pacifista. No entanto, uma reorientação da política externa e de segurança começou no início do século XXI, acelerada pelo ex-primeiro-ministro Shinzo Abe e continuada pelo atual primeiro-ministro Fumio Kishida.
Pesquisas recentes mostram que o público japonês está mais consciente das ameaças à segurança nacional. Uma pesquisa do Yomiuri Shimbun revelou que 84% dos entrevistados acreditam que a segurança do Japão está ameaçada, com preocupações sobre a China, Rússia e Coreia do Norte. Mais de 70% apoiam o fortalecimento das capacidades de defesa do país.
Outras pesquisas, como a do Asahi Shimbun e da Universidade de Tóquio, também mostram apoio ao aumento das medidas de defesa. A invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022 e preocupações com a China e a Coreia do Norte influenciaram essas opiniões.
No entanto, há resistência ao aumento de impostos para financiar a defesa. Uma pesquisa da Kyodo mostrou que 80% dos entrevistados são contra aumentos de impostos, apesar da preocupação com a ação militar chinesa contra Taiwan.
O público japonês está cada vez mais ciente da necessidade de uma postura de defesa robusta. Jun Yoshida, da Universidade de Quioto, observou que as Forças de Autodefesa são vistas mais como uma organização de resposta a desastres do que como uma força militar.
O professor Takako Hikotani, da Universidade Gakushuin, argumenta que o Japão não pode assumir que suas Forças de Autodefesa desempenharão seu papel sem o apoio público. Decisões difíceis, como alocar fundos para defesa e entrar em conflito, requerem apoio público.
A comunidade de defesa do Japão precisa trabalhar para ganhar esse apoio. Historicamente, a burocracia de segurança nacional tem evitado envolver o público, temendo reações negativas. No entanto, há um reconhecimento crescente da necessidade de uma postura dissuasora credível.
O professor Hikotani alerta que decisões críticas sobre segurança nacional estão sendo tomadas fora da vista do público, o que é perigoso. Esses momentos exigem não apenas a aquiescência pública, mas também seu apoio ativo. Este é o elemento que falta na agenda de modernização da defesa do Japão.
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