
No Japão, cresce a preocupação com anúncios sexualmente explícitos na internet e a falta de medidas governamentais claras para regulamentar o conteúdo online, especialmente para proteger as crianças.
A prevalência crescente de anúncios sexualmente explícitos na internet tem gerado uma crescente preocupação no Japão, especialmente entre os legisladores que pedem ações urgentes para impedir que esses anúncios sejam vistos por crianças. Apesar do crescente clamor público, órgãos governamentais, como a Agência de Crianças e Famílias e a Agência Digital, afirmam não ter autoridade clara para regular esse tipo de conteúdo, destacando a falta de clareza sobre qual órgão deveria ser responsável pela supervisão.
O Debate no Comitê de Orçamento da Câmara dos Vereadores
A questão foi levantada durante uma sessão do Comitê de Orçamento da Câmara dos Vereadores em 18 de março, quando Takae Ito, parlamentar do Partido Democrata para o Povo, trouxe à tona as preocupações com a presença de anúncios explícitos em sites populares e até mesmo em tablets distribuídos em escolas. Ito afirmou: “Esses anúncios estão aparecendo em locais inesperados, como sites de culinária e páginas de jogos, causando frustração em todo o Japão. As pessoas querem saber até quando o governo deixará isso sem solução.”
Proposta de Zoneamento e Respostas do Governo
Em resposta a essas preocupações, Ito sugeriu um sistema de zoneamento que bloqueasse os anúncios explícitos em sites frequentados por crianças. O ministro da Educação, Toshiko Abe, disse que o governo aceleraria os esforços para implementar a filtragem de internet e restringir o acesso a esse tipo de conteúdo. No entanto, o ministro de Assuntos Internos e Comunicações, Seiichiro Murakami, reconheceu que a filtragem tem limitações, especialmente quando os sites não se enquadram como “adultos” oficialmente.
Falta de Clareza na Regulação de Anúncios Explícitos
Um dos principais pontos de conflito durante as discussões foi a falta de uma autoridade centralizada para supervisionar anúncios explícitos online. Ito pressionou cinco ministros, incluindo aqueles da Agência para Crianças e Famílias e da Agência Digital, para esclarecer qual órgão seria responsável pela regulamentação. A resposta foi amplamente ambígua, com Junko Mihara, ministra responsável pelas políticas para crianças, declarando que sua agência não tem autoridade sobre a regulação de anúncios adultos.
Ito criticou a falta de responsabilidade clara, afirmando: “O progresso na política é impossível com essa falta de clareza. É essencial definir a jurisdição e tomar medidas eficazes.”
Desafios Jurídicos e Limitações Constitucionais
A hesitação do governo em agir com mais rigor se deve, em parte, a preocupações sobre liberdade de expressão garantida pela Constituição do Japão. Murakami reconheceu que alguns anúncios explícitos podem ser prejudiciais ao desenvolvimento infantil, mas alertou que a regulamentação deve equilibrar os direitos de liberdade de expressão.
Iniciativas Internacionais e Possíveis Soluções
Ito citou a Lei de Serviços Digitais da União Europeia, que já implementa regulamentações rigorosas para proteger menores de idade online, sugerindo que o Japão poderia seguir um caminho semelhante. Mihara concordou em investigar as iniciativas de outros países e se comprometeu a realizar pesquisas sobre os desafios e soluções legais adotadas internacionalmente.
Debate Público sobre Anúncios Explícitos na Internet
O debate também se estendeu para as redes sociais, especialmente no X (antigo Twitter), onde cidadãos expressaram opiniões polarizadas. Muitos criticaram a inação do governo, apontando que anúncios explícitos em tablets nas escolas eram inaceitáveis e perigosos para as crianças. No entanto, outros, como Taro Yamada, um membro do Partido Liberal Democrata, alertaram contra a implementação de uma censura excessiva, destacando os riscos de uma regulamentação muito rígida sobre a liberdade de expressão.


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