Conflito no Templo Chorakuji em Gunma: lago histórico no berço do clã Tokugawa seca. Autoridades de Ota e templo disputam responsabilidade. Saiba mais sobre a crise do Patrimônio Histórico Nacional.
Um conflito acirrado entre o histórico Templo Chorakuji, em Ota, província de Gunma, conhecido como o local de origem do nome do clã Tokugawa, e as autoridades locais está em destaque. O motivo da disputa é a deterioração alarmante de uma de suas principais atrações: um lago que secou e se transformou em um matagal. Esta crise no Templo Chorakuji levantou críticas públicas e expôs profundas divergências sobre a responsabilidade na manutenção de bens culturais no Japão. A situação, envolvendo um Patrimônio Histórico Nacional, choca visitantes e ressalta a urgência em resolver o problema do lago seco.
O Berço do Clã Tokugawa em Ruínas
O Templo Chorakuji, onde os ancestrais da renomada família Tokugawa adotaram seu famoso sobrenome, foi designado Patrimônio Histórico Nacional há 25 anos. O lago de lótus, outrora um espelho d’água cruzado pela pitoresca Ponte Togetsu, era um ponto alto para os visitantes. Hoje, a imagem é desoladora: o lago está completamente seco e coberto por gramíneas altas e ervas daninhas.
“As pessoas perguntam: ‘Isso é mesmo um lago?'”, relata o sacerdote-chefe Ryoshu Takahashi, evidenciando o choque dos visitantes. Segundo ele, o lago costumava reter água até por volta de maio.
A Origem do Lago Seco e a Inação Municipal
A condição do lago se agravou após o colapso de um dique de pedra durante o Grande Terremoto do Leste do Japão em 2011, que causou o vazamento da água. Em junho de 2025, o lago secou totalmente, exacerbado pelo entupimento de uma bomba projetada para extrair água subterrânea.
Apesar dos repetidos apelos de Takahashi à prefeitura de Ota, que administra o terreno do templo como um parque público, a situação permaneceu sem solução por meses. “O problema é que as autoridades municipais e o departamento responsável não fizeram nada por três meses”, critica o sacerdote, irritado. Guias locais também manifestaram frustração, chamando o estado do lago histórico de “profundamente decepcionante” para quem espera ver um patrimônio nacional bem preservado.
Disputa de Responsabilidade: Templo vs. Prefeitura
As autoridades municipais, por sua vez, insistem que o templo, como proprietário do imóvel, é o responsável por lidar com o vazamento de água, conforme a Lei de Proteção ao Patrimônio Cultural.
Takayoshi Takayama, chefe de seção da Divisão de Parques e Áreas Verdes de Ota, desculpou-se pelo atraso, mas justificou que as “restrições impostas pelas leis de propriedade cultural exigiam tempo para a adaptação”. Ele se comprometeu a limpar a vegetação alta em breve, afirmando: “Acreditamos que o manejo de árvores e ervas daninhas é nossa responsabilidade e agiremos o mais rápido possível”.
O Futuro do Patrimônio Cultural Japonês
Takahashi expressa ceticismo: “É inacreditável que precisem de três meses só para considerar cortar a grama”. Para ele, mesmo que a pressão pública leve a uma limpeza, o problema mais sério — consertar a estrutura danificada que causou o ressecamento — permanece sem solução. A cidade mantém a posição de que as obras de restauração devem ser realizadas pelo templo, sem se comprometer a cobrir os custos.
O sacerdote argumenta que, como o terreno do templo é utilizado como parque público, é “óbvio que a cidade deveria financiar esses reparos como parte da manutenção do parque”. Com o templo e a prefeitura em desacordo, o futuro do lago e do Templo Chorakuji é incerto. O impasse levanta questões cruciais sobre como o Japão irá preservar seu patrimônio cultural quando as responsabilidades de manutenção são contestadas, especialmente em locais de grande valor histórico como o berço do clã Tokugawa.
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