
Japoneses demonstram desconfiança no governo Ishiba diante de tarifas dos EUA e crise econômica. Entenda os dados da nova pesquisa de opinião.
A nova pesquisa de opinião realizada pelo jornal The Yomiuri Shimbun evidencia a crescente desconfiança da população japonesa em relação ao governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba. Esse sentimento de insegurança se intensifica principalmente devido ao impacto das tarifas dos EUA sobre a economia japonesa, tema central da insatisfação pública.
Segundo os dados levantados, 75% dos entrevistados afirmaram não ter esperança nas negociações em andamento entre o Japão e o governo Trump. Mesmo entre os eleitores que apoiam o partido governista, 64% demonstraram pessimismo. O número é ainda mais expressivo entre os eleitores da oposição (85%) e os não filiados (77%). Esses resultados refletem a percepção generalizada de que as tarifas impostas pelos Estados Unidos estão gerando efeitos negativos diretos na vida dos japoneses.
Dos 88% que manifestaram preocupação com o impacto das tarifas dos EUA na economia nacional, 77% também disseram não estar esperançosos com o rumo das negociações. Ao mesmo tempo, o governo Ishiba tenta adotar medidas internas para conter a alta dos preços, mas a população não demonstra confiança nessas estratégias. A pesquisa revelou que 92% dos japoneses já sentiram os efeitos do aumento dos preços, sendo que 63% relataram sentir esse impacto de forma intensa e 29%, de maneira moderada.
Entre as propostas discutidas, como cortes no imposto sobre o consumo e auxílios financeiros universais, a maioria dos cidadãos se mostra cética. Cerca de 76% dos entrevistados consideram os pagamentos diretos ineficazes para aliviar a pressão econômica. Esse índice de descrença se repete mesmo entre os apoiadores do governo (69%) e aumenta entre os eleitores da oposição (81%) e independentes (80%). Curiosamente, entre os 92% dos entrevistados que enfrentam dificuldades financeiras, a rejeição a essas medidas persiste com a mesma força: 76% as consideram ineficazes, contra apenas 20% que acreditam em seus benefícios.
O cenário político também contribui para a crise de confiança. Escândalos financeiros ligados à antiga facção de Abe, além da recente controvérsia envolvendo vales-presente distribuídos por Ishiba, abalaram ainda mais a credibilidade do governo. Não por acaso, 90% dos entrevistados afirmaram não acreditar que as questões políticas e econômicas atuais serão resolvidas sob a liderança de Ishiba. Mesmo entre os 31% que aprovam seu gabinete, 79% se dizem céticos em relação à capacidade do governo de promover mudanças reais.
Em relação ao futuro político do país, os eleitores estão divididos. Atualmente, 42% demonstram preferência por uma mudança para um governo liderado pela oposição, número que caiu em comparação com os 46% registrados na pesquisa de março. Por outro lado, o apoio ao Partido Liberal Democrata (PLD) subiu para 40%, em relação aos 36% anteriores. Para o professor Harukata Takenaka, especialista em política japonesa, a insatisfação popular permanece elevada, mesmo com oscilações nos índices de apoio.
Com medidas vistas como eleitoreiras e uma oposição em crescimento, o governo de Ishiba enfrentará sérios desafios nas próximas eleições para a Câmara dos Vereadores. A desconfiança pública em relação ao impacto das tarifas dos EUA, combinada a escândalos e ineficácia nas políticas econômicas, coloca o futuro político de Ishiba em xeque.


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