
Déficit de cuidadores: O desafio da disparidade salarial no setor
Em 2025, todos os integrantes da geração baby boomer — nascidos no primeiro boom populacional do pós-guerra — alcançarão 75 anos ou mais, ingressando na categoria de idosos em estágio avançado. Este marco histórico intensifica o envelhecimento populacional no Japão e levanta preocupações críticas sobre o “Problema de 2025”, que representa um desafio sem precedentes aos serviços de assistência e à estrutura social do país.
Estima-se que pouco menos de seis milhões de indivíduos dessa geração estarão nessa faixa etária, elevando significativamente a demanda por cuidados de longo prazo. De acordo com o professor Yuki Yasuhiro, da Universidade Shukutoku, há uma possibilidade real de que, a partir de 2025, o sistema de cuidados enfrente um “colapso do atendimento”, devido à crescente demanda e à insuficiência de profissionais qualificados.
Déficit de Profissionais e Baixos Salários: O Impacto na Força de Trabalho
O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-Estar estima que, até o ano fiscal de 2026, o Japão precisará de 2,4 milhões de cuidadores, exigindo a contratação anual de aproximadamente 63 mil novos trabalhadores. No entanto, o número de cuidadores já começou a diminuir, conforme relatado em 2023, marcando a primeira queda desde a implementação do sistema nacional de seguro de cuidados de longo prazo em 2000.
A principal razão para essa redução é a disparidade salarial. “Os aumentos salariais em outros setores têm sido muito mais expressivos, agravando ainda mais a desvantagem financeira enfrentada pelos cuidadores. É urgente equiparar seus salários aos de outras indústrias”, destaca o professor Yuki.
O Crescimento dos Cuidadores Empresariais
Outro fenômeno crescente é o aumento dos “cuidadores empresariais”, trabalhadores que conciliam suas responsabilidades profissionais com o cuidado de familiares. Em 2023, o número de pessoas nessa situação ultrapassou três milhões. Para lidar com essa realidade, desde abril as empresas japonesas são obrigadas a informar seus funcionários sobre medidas de suporte, como licenças específicas para assistência.
Essa regulamentação visa estimular o envolvimento corporativo e reduzir os impactos negativos sobre os trabalhadores, uma vez que o pico da necessidade de cuidados está previsto para 2040.
O Caminho para a Transformação
O professor Yuki alerta que, se não houver melhorias significativas no ambiente de assistência entre 2035 e 2040, o Japão enfrentará sérias dificuldades econômicas e sociais. “Muitas pessoas na faixa dos 50 e 60 anos terão que abandonar suas carreiras devido às responsabilidades de cuidar dos pais idosos, criando uma era em que será impossível equilibrar trabalho e vida pessoal.”
O “Problema de 2025” destaca a urgência de soluções abrangentes e colaborativas para enfrentar os desafios do envelhecimento populacional no Japão. Desde mudanças políticas até investimentos no setor de assistência, a transformação social é essencial para evitar um colapso estrutural.


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