Se você quer um gostinho do futuro, é só olhar para o Japão.
Veja como o economista Timothy Tayler, gerente do Journal of Economic Perspectives descreve a perspectiva do país: “O Japão está enfrentando um declínio de população e força de trabalho, e a porcentagem de pessoas mais velhas está aumentando. Isso está aumentando os gastos do governo com pensões e assistência médica e juntando isso com a tentativa de estimular a economia por meio de investimentos do próprio governo em infra-estrutura acabou gerando uma enorme dívida ao governo.”
Ao resistir a imigração e a população cada vez menor, o Japão deixa de ser interessante para os negócios. E isso tem que mudar. Mas isso não é algo exclusivo do Japão, outros países de primeiro mundo estão passando por isso em menor ou maior grau.
No final dos anos 80 esperava-se que o Japão ultrapassasse os Estados Unidos como maior economia. Mas algumas práticas já não são mais como as de antigamente, o que faz com que o Japão por mais que gigante na economia, continue atrás dos Estados Unidos e da China, ficando em terceiro lugar.
O maior problema é o envelhecimento dos japoneses.
Um relatório do Japão feito pela Organization for Economic Cooperation and Development solicitado por Taylor e postado em seu blog, o “Conversable Economist” revela esse incrível fato: metade dos japoneses nascidos em 2007, têm a sua expectativa de vida elevada a 107 anos.
No entanto o número de partos diminuiu. O número de mortes vem excedendo o número de nascidos desde 2007.
A título de comparação, a população deverá cair 8.2 milhões, o equivalente a cidade de Tóquio. O número crescente de japoneses mais velhos causa uma enorme pressão no orçamento do governo. Desde 1991 os gastos sociais públicos, principalmente para aposentados, assistência social e cuidados a longo prazo dobrou o PIB, de 11% para 22% em 2018. O aumento dos gastos deficitários elevou a dívida do governo japonês para 226% do PIB. A maior já registrada na OECD, o equivalente ao dobro dos Estados Unidos. E as medidas para reduzir o déficit como cortando gastos ou aumentando os impostos reduzindo assim a renda dos mais novos, acaba por desencoraja-los a ter mais filhos.
Este desiquilíbrio no Japão poderia ser amenizado por mais imigração, mas isto nunca foi uma medida muito bem aceita em um país uma identidade muito forte. É verdade que o número de trabalhadores dobrou de 700 mil para 1.46 milhões em 2018. Mas ainda sim isto só representa 1.9% da população estrangeira em 2017. Enquanto a média do OECD é de 13%.
A solução para este problema é óbvia: mulheres deveriam ter mais filhos, pessoas devem trabalhar por mais tempo.
Apesar de uma pequena melhoria, todas foram impossíveis de alcançar. Se o Japão conseguirá sair desta situação é incerto.
Existem boas razões (politicamente) para não fazer e razões fracas (substantivamente) para fazer alguma coisa.
Muitos países avançados, incluindo os Estados Unidos, enfrentam problemas similares num grau menos severo. “O resto do mundo está observando” diz a OECD. E podem não gostar do que estão vendo.
via: japantimes