Ranking de conflitos global coloca Brasil em 7º. Saiba como a inversão radical de segurança impacta o brasileiro que retorna do Japão. Preparo é vital.
A matéria anterior detalhou o cenário crítico da segurança pública no Brasil, culminando na chocante 7ª posição no ranking global de conflitos da Acled. Para os brasileiros que residem no Japão e consideram o retorno à pátria, este dado assume uma relevância ainda maior. A transição de volta ao Brasil não é apenas uma mudança de país, mas sim uma mudança de paradigma de segurança que exige preparo e consciência.
Do 156º ao 7º Lugar: Uma Mudança de Realidade
O contraste de segurança entre os dois países é colossal e deve ser o ponto central de reflexão para quem planeja a mudança:
| Indicador de Conflito (Acled, 2025) | Japão | Brasil |
| Posição no Ranking Global | 156º | 7º |
| Eventos de Violência Registrados | Nenhum | 9.903 |
| Classificação de Conflito | Ausente | Extremo |
O Japão é um modelo global de baixa criminalidade. O levantamento da Acled, por exemplo, registrou o Japão na 156ª posição, sem nenhum evento de violência de cunho político/social/territorial no período analisado. Os residentes desfrutam de um nível de segurança pública que permite, por exemplo, que crianças se desloquem sozinhas e que objetos sejam deixados em locais públicos sem grande preocupação.
O Brasil, por sua vez, está classificado como um país de conflito extremo, com a violência de gangues e a criminalidade urbana generalizada afetando a vida diária de milhões.
🛑 O Impacto da Adaptação na Segurança
Para os “Dekasseguis” e suas famílias que passaram anos ou décadas no Japão, a readaptação no Brasil exige uma desconstrução de hábitos profundamente enraizados:
- Fim da “Despreocupação”: No Japão, a confiança no sistema é alta. No Brasil, a vigilância constante se torna uma necessidade. É preciso readaptar-se ao medo de roubos e assaltos, especialmente em grandes centros urbanos.
- Mudança de Rotina e Postura:
- Transporte: A segurança e a pontualidade do transporte público japonês são substituídas pela necessidade de maior cautela no Brasil, onde o risco de roubo no trânsito e nos coletivos é real.
- Uso de Bens: O uso de celulares, joias e relógios em público deve ser drasticamente revisado. O conceito de ostentação, que não é um problema de segurança no Japão, pode ser um gatilho perigoso no Brasil.
- Segurança Domiciliar: Investir em grades, alarmes e muros altos, que são raramente vistos no Japão, pode ser uma necessidade básica no Brasil, dependendo da região de moradia.
⚠️ Atenção: Para quem retorna, a maior dificuldade é o “choque cultural de segurança”. É vital que o brasileiro que retorna reeduque-se imediatamente sobre as regras não escritas da segurança urbana (não reagir a assaltos, evitar certos horários e locais, e não demonstrar vulnerabilidade). A cultura de segurança brasileira é de defesa e prevenção, enquanto a japonesa é de confiança e ordem.
É fundamental que o planejamento financeiro do retorno inclua uma verba para a segurança (residencial, veicular, ou pessoal), pois, infelizmente, ela é parte integrante do custo de vida no Brasil.


**Portal Mundo-Nipo**
Sucursal Japão
Jonathan Miyata é Correspondente Internacional do Canal Mundo-Nipo em Tóquio. Graduado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo e com Pós-Graduação em Estudos Asiáticos pela Universidade de Tóquio (Todai). Atua na cobertura de política, tecnologia e cultura japonesa há mais de 8 anos, com passagens pelo grupo Abril antes de integrar o Mundo-Nipo.
Reportagem: Esta é uma descrição de eventos e ocorrências cujo conteúdo é rigorosamente fundamentado em dados e fatos. As informações são verificadas por meio da observação direta do repórter ou mediante consulta a fontes jornalísticas consideradas idôneas e confiáveis.
