Tensões Comerciais entre UE e China: O Que Está em Jogo? Análise das possíveis retaliações e impactos econômicos.
BRUXELAS, 30 de maio – A União Europeia (UE) enfrenta um desafio delicado ao planejar aumentar os impostos sobre carros elétricos chineses, visando proteger a indústria automotiva europeia sem provocar um confronto comercial com Pequim. A medida busca equilibrar a proteção da indústria local, que inclui marcas icônicas como Mercedes e Ferrari, com a necessidade de evitar uma guerra comercial que poderia ter repercussões globais.
Contexto e Motivações
O setor automotivo europeu está em uma fase crítica devido à transição dos motores de combustão para veículos elétricos (VEs), onde a China tem avançado significativamente. Em resposta às alegações de práticas comerciais desleais por parte da China, a UE iniciou uma investigação sobre os subsídios chineses aos carros elétricos no ano passado.
Possíveis Medidas e Reações
- Aumento de Impostos: A UE tem até 4 de julho para decidir sobre um aumento provisório dos direitos de importação sobre VEs chineses, atualmente em 10%. Especialistas sugerem que os impostos poderiam subir para entre 20% e 30%, enquanto a empresa de pesquisa Rhodium Group estima que tarifas de 40% a 50% seriam necessárias para dissuadir os exportadores chineses.
- Reação Chinesa: Pequim reagiu com raiva às investigações, acusando a UE de protecionismo. A China ameaçou retaliar com impostos sobre importações agrícolas europeias, aumentando a tensão entre os dois blocos.
Impacto no Mercado e Considerações Ambientais
- Crescimento das Importações: As importações de VEs da China para a UE aumentaram de cerca de 57.000 unidades em 2020 para aproximadamente 437.000 em 2023, com valor subindo de US$ 1,6 bilhão para US$ 11,5 bilhões.
- Metas Ambientais: A UE precisa equilibrar a proteção da indústria local com suas metas de redução de emissões de carbono, já que planeja proibir a venda de novos carros movidos a combustíveis fósseis a partir de 2035.
Divergências Internas e Estratégias Diferentes
- Divisões na UE: A investigação anti-subsídios tem apoio de países como França, mas enfrenta resistência de Alemanha e Suécia. Alguns fabricantes europeus, especialmente os alemães, se opõem à investigação.
- Comparação com os EUA: Enquanto os EUA adotam uma postura mais agressiva contra a China, a UE busca uma abordagem baseada em fatos estabelecidos por investigações, visando restaurar a concorrência leal.
Possíveis Retaliações e Futuro das Relações Comerciais
- Retaliações Chinesas: A China já iniciou uma investigação anti-dumping sobre conhaque importado da UE e pode ampliar as medidas para incluir carne suína, vinho e produtos lácteos.
- Decisão Final: A UE deve decidir sobre quaisquer direitos finais até novembro, em meio a um cenário de crescentes tensões comerciais com a China.
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