
Comunidades locais e turistas: um conflito em busca de equilíbrio
Pouco após as 22h15 de uma noite no final de novembro, três jovens turistas britânicas perambulavam por um beco sem saída em uma área residencial tranquila, no bairro Kita, em Tóquio. A situação destacou um problema crescente: o impacto das acomodações privadas, conhecidas como “minpaku”, em comunidades locais.
Turistas perdidos e uma recepção fria
As turistas, que haviam passado uma semana explorando Osaka e Tóquio, enfrentaram dificuldades para localizar sua hospedagem. Ao finalmente encontrarem o prédio de apartamentos de três andares, depararam-se com um ambiente hostil, incluindo placas com mensagens como: “Não somos a favor de sua estadia neste aluguel de férias”.
Essa tensão reflete um desconforto crescente entre moradores e turistas. O bairro, antes pacífico, tem enfrentado transtornos devido ao aumento de visitantes, que frequentemente chegam tarde da noite, arrastando malas ruidosas e fumando nas ruas.
Impacto nas comunidades locais
A instalação dessas acomodações, inicialmente planejada como um prédio residencial, foi convertida em uma hospedagem privada devido à alta demanda turística pós-pandemia. Segundo a Agência de Turismo do Japão, em novembro de 2024, existiam cerca de 28.000 acomodações do tipo no país, um aumento de 30% em relação ao ano anterior.
No entanto, a mudança trouxe sérias reclamações. Moradores relataram transtornos sonoros e perda de qualidade de vida. “A ordem da comunidade está entrando em colapso”, afirmou Kaoru Hatami, de 87 anos, morador do bairro há mais de seis décadas.
Licenças e falta de diálogo
Embora os moradores tenham tentado revogar a licença da instalação, o governo local argumenta que, desde que os requisitos legais sejam atendidos, não há como negar o funcionamento. Ainda assim, a portaria distrital exige que operadores de hospedagem notifiquem os residentes próximos, mas não obriga a obtenção de consentimento.
Uma busca por equilíbrio
Apesar dos desafios, turistas e moradores expressam o desejo de coexistência. Uma hóspede francesa declarou: “Gostaria de me dar melhor com os moradores locais”, enquanto muitos residentes esperam que o prédio volte à sua função original de habitação.
Este caso reflete um dilema maior no Japão: como equilibrar a crescente demanda turística com a preservação da qualidade de vida nas comunidades.


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